18 de jan. de 2013

Crônica da ansiedade.




Era uma vez um menino chamado Pedro. Na escola ele não se interessava pelos estudos, era ansioso e sempre pensava no que queria ser quando crescesse. Ele era hiperativo e, dificilmente conseguia se concentrar no que fazia, de modo que sempre no inverno, sonhava com o sol brilhando, e no verão ansiava por passeios de esquis e trenós nas neves. Na escola desejava que as aulas acabassem logo, e não via a hora de chegar os finais de semana.
Numa tarde, a pensar no futuro, perdeu-se floresta, sentou-se num banco e quando estava prestes a cair no sono apareceu um moça que, em suas mãos levava uma bola que saía uma linha de dentro: -Olhe o que tenho aqui, meu jovem. -O que é isso? -É a linha da sua vida - retrucou a mulher - não toque nela e o tempo passará normalmente, mas se desejar que o tempo passe mais rápido, basta puxar a linha um pouco para baixo, certifique-se que a tal linha não mais voltará para dentro da bola e, se aceitar meu presente, não conte para ninguém senão morrerás, você a quer?Pedro tirou-lhe da mão sem nem pensar duas vezes, era exatamente o que procurava, era do tamanho de uma bola de tênis e havia apenas um pequeno furo por onde saía uma linha dourada.
No dia seguinte, na escola, ele não estava com paciência de ouvir a professora falar, lembrou de sua bola e fez a primeira experiência. Funcionou! A aula terminara rapidamente e, em poucos minutos já estava em casa. Pedro ficou maravilhado. Pensou, porém, que se desse um puxão mais forte o ano letivo estaria encerrado, poderia se casar e arrumar uma profissão, e foi o que aconteceu. Agora ele já era um exímio carpinteiro, subia em andaimes, consertava casas, construía portas, janelas, brinquedos de madeira, tudo. Adorava sua nova vida. Quando o pagamento demorava, bastava a linha puxar. Casou-se com uma garota da escola. Na cerimônia, percebeu que o cabelo de sua mãe ficava grisalho, e refletiu sobre a rapidez com que puxava a linha, queria parar com esse hábito e deixar as coisas correrem, mas logo sua esposa ficou grávida, veio um filho, e todas as vezes que a criança ficava doente, Pedro usava sua bola mágica para que o menino se curasse. Instalou-se o governo militar em que tudo era proibido, e qualquer coisa era motivo para prender os cidadãos. Foi o que aconteceu com Pedro, condenado a três anos, porém, como nunca se separava de sua bola, puxou a linha e não ficou uma semana na cadeia.
A vida para ele não tinha percalços, ou sofrimentos. A linha agora, passara da cor dourada para prateada, seu cabeo esbranquiçara, seu rosto enrugara, sua esposa dera mais dois filhos, e Pedro já perdia a paciência com a criançada. Desejou, pois, que os filhos já estivessem formados e, num longo puxão da linha, viu-se apenas com a esposa, que era idosa. Estava velho, suas costas doíam-lhe e já não exercia mais a profissão com tanto afinco. Pensou em se aposentar, ao que foi só fazer uso da linha. Certa vez, em sua casa sem nada pra fazer, resolveu passear pela floresta, as árvores já não eram mais arbustos. Chegou num banco e pôs-se a sentar, e caiu num sono leve, quando foi despertado por uma voz que seu nome chamava: -Pedro, Pedro, ao abrir os olhos viu uma mulher que encontrara há alguns anos e ela aparentava a mesma pessoa. -E então? Como foi sua nova vida? Gostou?
-Não estou bem certo não, dona. O tempo passou rápido e, pra falar verdade, não aconteceu nada na minha vida que eu pudesse classificar como excitante. Puxar a linha só vai antecipar minha morte, acho que  sua bola não me trouxe tanta sorte.
-Bem... falou a moça -eu posso lhe conceder um último desejo se preferir. E Pedro disse: Eu gostaria de tornar a viver minha vida como se fosse a primeira vez, assim poderei experimentar coisas ruins da mesma forma que as boas, e então a duração do tempo será mais natural.
O controle de nossa mente nos torna saudável.

“Não importa o quanto você se importe, algumas pessoas apenas não importam” - autor desconhecido.                                                        

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