17 de jun. de 2011

Meio ambiente

Meio ambiente
 
Santo André é a cidade onde 100% das casas recebem coleta seletiva. Desde 2000 a coleta seletiva acontece em toda a cidade, de porta em porta. A prefeitura registra índice de participação de 60% da população. Os resíduos são separados pela própria população em dois recipientes distintos: um para lixo úmido (lixo de cozinha, banheiro e pequenas podas de jardim) e lixo seco (embalagens, plásticos, papel, alumínio e outros materiais que podem ser reciclados). A Coleta acontece em dias distintos e é realizada em caminhões coletores comuns. Os resíduos úmidos são coletados três vezes por semana e os resíduos secos, uma vez por semana. Na região central da cidade este serviço é executado diariamente. Cerca de 500 toneladas mensais de recicláveis coletadas são entregues às cooperativas e aos outros programas sociais que fazem triagem e vendem para empresas recicladoras.
Santo André, de fato é um exemplo a ser seguido no quesito reciclagem. Eu sempre como arroz com feijão, e uma mistura que gosto é a batata, de modo que toda vez que vou fritá-la, sempre reutilizo o óleo, já que, uma vez jogado no lixo ou no ralo da pia entope o encanamento, impermeabiliza fossas sépticas, contamina rios e lençóis freáticos, coloca em risco a vida aquática e compromete a alimentação humana, mas, até essa semana eu não sabia o que fazer com ele, eis que me falaram que o óleo armazenado em garrafas e levado a um dos postos de reciclagem é tratado e utilizado na produção de biodiesel, tintas, vernizes e sabão, gera trabalho e renda para a comunidade, preserva as águas e salva nosso planeta. E, aqui em Santo André ,  ONGs e cooperativas para essa ação não faltam. Taí uma boa dica!
O Brasil é campeão mundial na reciclagem de alumínio: mais de 1 milhão de latinhas por hora. Fico a imaginar o trabalho que os catadores têm, já que a coisa mais comum é encontrar uma latinha jogada na rua à espera de alguém que com certeza vai tira-la dali, a fim de vender para algum lugar que recicle. No total, reaproveita-se 94% delas. Em contrapartida o quadro da fome no Brasil é vergonhoso, já que a fome pode ser reduzida e até extinta só com a comida desperdiçada.
O país apresenta um dos maiores índices de mortalidade por fome no mundo, de maneira que há 23 milhões de miseráveis no Brasil, sendo 39.000 toneladas de comida em condições de serem aproveitadas que vão para o lixo todo dia em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues, fazendas. Esse montante representa iogurtes perto do vencimento, tomates manchados, pães amanhecidos, carne esquecida no congelador e milhares de itens que, por algum motivo estético, acabam nas latas de lixo, então se você acha que vai morrer se comer um pão velho ou um iogurte que passou apenas um dia da data de vencimento, saiba que esses mesmos alimentos que você joga fora inutilmente poderá alimentar parte dos 23 milhões de miseráveis do Brasil, à beira da morte porque não tem nem iogurte e nem pão para comer.
Será que não há uma maneira de fazer com que toda essa comida vá parar nos pratos vazios do Brasil? As indústrias, os mercados e os restaurantes precisam estar dispostos a doar seu excedente aproveitável, bem como os produtos prestes a estragarem. Instituições, do governo ou não, devem buscar essas doações e fazerem com que a comida chegue a quem precisa. Talvez não seja por maldade que as empresas joguem excedentes no lixo, visto que querem evitar problemas legais, como arcar com a responsabilidade criminal no caso de a comida doada causar uma intoxicação ou morte de alguém. É verdade... a solidariedade pode se transformar num pesadelo, de maneira que surge um agravante, pois uma fábrica que quer doar latas de feijão, por exemplo, tem que pagar IPI sobre elas como se as tivesse vendido, de modo que é igualmente difícil encontrar gente que concorde em pagar imposto para fazer caridade, mesmo assim, há no país exemplos de organizações que resolveram distribuir excedentes para quem precisa, mas são a minoria.
Instituições como o Banco de Alimentos no Brasil, Prato Amigo, Lixo que Não é Lixo, e entidades mantidas pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) em várias cidades distribuem cerca de 150 toneladas de comida por dia pelo Brasil. Parece impressionante, mas pasmem, não chega a 0,5% do volume de alimentos que poderia ser aproveitado. De cada 100 produtos que saem da roça, só 40 cumprirão seu destino original: o de alimentar pessoas. Os outros 60 vão virar um problema para as companhias de coleta de lixo.
E neste mês do meio ambiente, se alguém quiser entrar em contato com uma ONG que distribui alimentos doados, a CRAISA em Santo André é um exemplo a nível nacional.
 
“É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.” - Victor Hugo (1802 -1885 ), escritor e poeta francês

9 de jun. de 2011

Fora dos trilhos



Estava eu no trem rumo à capital, fui buscar uma lente fotográfica no centro da cidade. Se um dia me perguntarem do que eu não gosto, tiro da manga a resposta: de muita gente no mesmo lugar e locais que me dão sensação de aperto, além de situações em ambientes fechados. Agora, imaginem um trem nessas condições: janelas fechadas, vagão pequeno e lotado - para quem tem princípios claustrofóbicos é o fim do mundo. Por isso mesmo os vagões na extremidade da composição me satisfazem muito, porém, um dia vou tomar coragem e perguntar para aquela multidão de gente que fica no carro do meio qual o motivo de manifestarem imenso prazer em roçarem-se uns aos outros. Será que eles gostam do cheiro das axilas alheias? Por quê invés de se acumularem no vagão do meio, não se espalham no último ou no primeito? Ônus populacional de coletivos à parte, fato é que ao descer no Vale do Anhangabaú vi uma moça gorda, parda, meia idade a alimentar pombos, e bicavam freneticamnete os pedaços de pão. Pena que esses ratos voadores não são comestíveis, pois dariam uma bela pratada de frango à passarinho, mas coitados... são 'o símbolo da paz' – e paz é uma palavra simples que o paulistano desconhece: o trânsito é um caos total, buzinaços, poluição, gentarada, corre-corre. Haja vista mais que a metade da população está sempre atrasada, é difícil apreciar as belezas histórias do centro de São Paulo, mas eu consegui: percebi que o Tetaro Municipal estava pronto e vistoso, após uma reforma laboriosa, em contraste, os postes cheiram xixi, a coca rola à toda, e a cola não sai do nariz dos meninos de rua que ficam sob o viaduto do chá e adjacências.
Cheguei na loja de equipamentos fotográficos e: -Tudo bem? Vim pegar uma lente que deixei aqui para arrumar. -Olha, desculpe meu jovem, mas essa lente nós vendemos... -Como assim? A minha lente? -É... não havia comprovante, nem nota de compra, e muito menos ordem de pedido então achamos que, ao consertar, poderíamos vendê-la. É mais fácil estressarem um monge, a que me deixarem nervoso, então, com toda calma resolvi: - Ótimo! A lente valia cem reais, como podemos negociar? -Bem, nós temos alguns acessórios aqui... -Pois então me vê um carregador de pilha, um leitor de cartão e 4 pilhas recarregáveis. Acho que saí ganhando, pois o que eu senti do vendedor foi que ele quebrou a lente ou perdeu: vendeu uma ova - saquei na hora que era desculpa esfarrapada.
Entrei no trem de volta para Santo André, e encontrei uma folha de jornal no assento que implorava para ser lida, logo, a manchete era que um cilclone na noite anterior havia causado duas mortes, de repente o trem dimnui a velocidade e não era para despachar usuários em alguma estação – o trem parou no “meio da pista” - ninguém soube a razão e todos estavam curiosos para descobrir o motivo, após um tempo o coletivo pára na estação São Caetano e, pelo alto-falante ouve-se: -Este trem vai parar por motivos de força técnica, por favor queiram todos descer, obrigado! e repetiu essa frase três vezes. Ok, entendemos! Na saída da estação uma confusão só, bombeiros chegavam, polícia cercava a área, o SAMU corria para socorrer pessoas e sirenes faziam muito barulho – parecia cena de filme policial americano, ao que disse um cidadão: -Um ônibus caiu do viaduto e atingiu um trem que passava no trilho. Fiquei boquiaberto e quis saber: -Estava correndo? Não sei! -Quantas pessoas no ônibus? Não sei! Morreu alguém? Não sei! -O motorista dormiu? Não sei! Fiquei pensativo, e depois de um tempo o cara questiona: -Por quê só me faz pergunta que eu não sei? -Mas que tipo de pergunta você sabe? -Que o motorista era uma mulher, a altura era de dez metros, havia óleo na pista molhada por causa dessa chuva, e que o trem que vinha não conseguiu brecar, por isso bateu no ônibus atravessado no trilho.

Seja como um chuveiro velho: não , e se ligar não esquente – autor desconhecido”