5 de jul. de 2013

32 horas no hospital





Sábado último saí da casa sete e meia da manhã como faço sempre, a fim de ir pra escola lecionar. Estacionei o carro, desci, abri a porta do passageiro, abaixei-me para recolher alguns papeis e, nesse momento senti, de repente, um puxão forte nas costas, de modo que achei que era apenas um mal jeito. Bom, vai passar... pensei. Restavam dez minutos para as oito, respirei fundo e pensei: Vamos lá. Andava cambaleante, meio manco, já que a dor era forte. Entrei na sala de aula, havia alguns professores e, já enjoado, quis saber: -quando a gente tem uma forte dor nas costas, vocês sabem o que é? -Apendicite arriscou um deles. -Pedras nos rins, falou outro. Alguém indagou: Nossa! você está branco... o que está acontecendo? Nisso, a coordenadora entra e faz uma pergunta, cuja a resposta, para mim, era muito óbvia: Você está se sentindo bem?
Um aluno meu perguntou se eu estava bem e respondi que podia ser pedra nos rins. -Vixi! Eu já tive isso e rolava no chão de dor.... -E quando a gente tem isso, a dor não passa? -Não! demora pra passar. Outro professor assumiu minhas aulas. A gerente me perguntou se eu voltaria pra casa dirigindo ou iria com o SAMU. Não obrigado! falei do alto da minha fortaleza, -Não precisa chamar o samu. Pode deixar que eu volto dirigindo, afirmei sem ter conhecimento que a dor estava a me derrubar. Uma das secretárias veio junto, porém, ao chegar no carro, antes mesmo de girar a chave, falei: Não dá! chama o Samu.
Enquanto a ambulância não vinha, eu suava frio e a febre era intensa. Lembrarei desse momento como os minutos que mais demoraram para passar em todos os meus trinta e quatro anos de vida. Não sei como aguentei meia hora de espera: era o que me restava, pois! Entrei na viatura já no soro, colheram meu sangue e fui dar no Benficencia Portuguesa às 9h30 da manhã.
Ao descer da viatura, logo sentei numa cadeira de rodas, me colocaram deitado numa antesala e fiquei lá. Ao meu lado havia um senhor, já de idade, que não parava de tossir e mal falava. Mais tarde, entrou uma outra senhora muito doente que fazia cara de dor. São nessas horas que pensamos que, se não tivermos uma vida regrada à hábitos saudáveis, o nosso destino estará fadado a depender dos outros, e acabar numa cama de hospital, com certa frequência.
Aliás, não importa se você tem hábitos saudáveis; toma muita água; se exercita; tem saúde de ferro; se alimenta; não bebe; não fuma, quando se tem predisposição genética, a safada da pedra vai se deslocar do seu rim - uma hora ou outra. Às 13h30 dei entrada na internação e, como estava tomando muito remédio na veia, fiquei com bastante sono, mas não conseguia dormir porque as enfermeiras entravam direto no quarto: buscopan, tamiflu, tramal, novalgina, a dor não cessava e eu não tinha apetite. No domingo, às 15h, fui transferido para o Mário Covas. Ainda brinquei com o médico: Me libera até umas cinco, porque quero ver o jogo (final Brasil x Espanha).
Fiz um exame de tomografia, cujo resultado sai nesta quarta. Tive alta às 17h30. Até o exato momento em que escrevia essas linhas, o incômodo nos rins ainda era presente - convivo com uma dorzinha, mas não é intensa - o problema é se eu tiver cólica, aí corre pro hospital novamente. E olha que já tentei de tudo: chá de quebra-pedra, buscopan, quatro litros de água por dia. A vida segue!

"Tudo que é seu, encontrará uma maneira de chegar até você" - Chico Xavier (1910  - 2002, Minas Gerais), médium.



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