25 de jan. de 2013

De pai para filho




Era uma vez um pai que brigava muito com seu filho Kim. De modo que, quando um pai briga com os filhos, oitenta por cento (ou quase isso), não é culpa do pai. Principalmente na fase de adolescência que é quando o ser-humano mais quer ter razão. Eu vejo isso pelos meus alunos. O cérebro está em plena transformação, algumas opiniões encharcam a cabeça das menina e meninos e é nessa fase que a descoberta do amor começa a engatinhar paixões – a adrenalina emocional desperta, ou seja, são muitas coisas de uma vez só para uma mente não-madura ainda. A maioria nem se interessa pelos estudos! O celular é bem mais importante que um livro, a internet chama mais atenção do que um caderno, e aquele(a) garoto(a) bonita(a) da escola tem mais razão que o pai e a mãe juntos.
Era essa mesma razão que fazia com que nervosismo gerasse raiva dentro daquele lar, onde Kim acabara de fazer 16 anos. A guerra era inevitável. O filho só chegava tarde em casa, comia fora de hora, não falava com o pai e nem com a mãe. Fumava e, por vezes, passava mais de um dia fora de casa - uma infeliz situação para qualquer lar, mas que muitos adolescente já fizeram. De um lado, estava o  pai a impor o melhor para Kim; do outro, o filho a executar ações pelas quais julgava corretas.
Adolescentes adoram sair, beber, dançar: anarquia é o melhor estilo de vida para defini-los, de modo que certa feita quando voltava de uma festa tarde da noite, o colega de Kim bateu o carro. Havia quatro pessoa no veículo. Todas saíram prejudicadas. Kim, em questão, perdeu o movimento das pernas. Quando recebeu alta do hospital, deixou a instituição numa cadeira de rodas. Seu pai não aguentava ver tamanho sofrimento.
Conversaram muito, se perdoaram, e, depois de algum tempo o pai resolveu tomar uma decisão que mudaria para sempre a vida daquela família. Seria difícil para Kim, mas a proposta era abandonar a cadeira de rodas aos pouco, de maneira que seu pai faria tudo para que os movimentos das pernas voltassem. Seu pai estava disposto a incentivá-lo.
Numa tarde de domingo, foi até o quarto do filho, estendeu-lhe as mãos e, então, o pai puxou o filho para que ele ficasse de pé, mas Kim não tinha força nas pernas, e então, os braços de Kim foram apoiados sobre os ombros do pai. Ele então começou a arrastar o filho, cujos braços encontrava assento sobre os ombros de seu pai - essa foi uma maneira de fazer o filho andar, ainda que puxado pelo pai.
E, rebocado pelas costa do pai, os pés de Kim arrastavam-se bairro afora. Dessa maneira eles iam à padaria, esola, parque, estão de trem, mercado e até davam voltas do quarteirão para que os músculos das pernas se acostumassem a andar novamente. Era um verdadeiro aprendizado que remetia à tempos de outrora, vindo à lembrança dias em que Kim, enquanto bebê, ainda dava os primeiros passos. O pai se viu a ensinar o filho outra vez, e fazia com prazer. Os médicos previam um ano de cadeira de roda até que Kim conseguisse recuperar-se completamente, porém, com a ajuda do pai, o esforço e a força de vontade de ambos, bem como a harmonia que sintonizava a relação pai-filho, foi possível estar totalmente curado em dois meses.
Hoje, a paz reina dentro desse lar. Pai, mãe e filho almoçam juntos, saem juntos, vivem perfeitamente bem, e às vezes, um convite para sair com os amigos é até recusado. Apenas para passar algumas horas com alguém que valha a pena. O Pai a quem um dia jurou amá-lo para sempre.

"Não existe triunfo sem perdas, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício"  - autor desconhecido.

18 de jan. de 2013

Crônica da ansiedade.




Era uma vez um menino chamado Pedro. Na escola ele não se interessava pelos estudos, era ansioso e sempre pensava no que queria ser quando crescesse. Ele era hiperativo e, dificilmente conseguia se concentrar no que fazia, de modo que sempre no inverno, sonhava com o sol brilhando, e no verão ansiava por passeios de esquis e trenós nas neves. Na escola desejava que as aulas acabassem logo, e não via a hora de chegar os finais de semana.
Numa tarde, a pensar no futuro, perdeu-se floresta, sentou-se num banco e quando estava prestes a cair no sono apareceu um moça que, em suas mãos levava uma bola que saía uma linha de dentro: -Olhe o que tenho aqui, meu jovem. -O que é isso? -É a linha da sua vida - retrucou a mulher - não toque nela e o tempo passará normalmente, mas se desejar que o tempo passe mais rápido, basta puxar a linha um pouco para baixo, certifique-se que a tal linha não mais voltará para dentro da bola e, se aceitar meu presente, não conte para ninguém senão morrerás, você a quer?Pedro tirou-lhe da mão sem nem pensar duas vezes, era exatamente o que procurava, era do tamanho de uma bola de tênis e havia apenas um pequeno furo por onde saía uma linha dourada.
No dia seguinte, na escola, ele não estava com paciência de ouvir a professora falar, lembrou de sua bola e fez a primeira experiência. Funcionou! A aula terminara rapidamente e, em poucos minutos já estava em casa. Pedro ficou maravilhado. Pensou, porém, que se desse um puxão mais forte o ano letivo estaria encerrado, poderia se casar e arrumar uma profissão, e foi o que aconteceu. Agora ele já era um exímio carpinteiro, subia em andaimes, consertava casas, construía portas, janelas, brinquedos de madeira, tudo. Adorava sua nova vida. Quando o pagamento demorava, bastava a linha puxar. Casou-se com uma garota da escola. Na cerimônia, percebeu que o cabelo de sua mãe ficava grisalho, e refletiu sobre a rapidez com que puxava a linha, queria parar com esse hábito e deixar as coisas correrem, mas logo sua esposa ficou grávida, veio um filho, e todas as vezes que a criança ficava doente, Pedro usava sua bola mágica para que o menino se curasse. Instalou-se o governo militar em que tudo era proibido, e qualquer coisa era motivo para prender os cidadãos. Foi o que aconteceu com Pedro, condenado a três anos, porém, como nunca se separava de sua bola, puxou a linha e não ficou uma semana na cadeia.
A vida para ele não tinha percalços, ou sofrimentos. A linha agora, passara da cor dourada para prateada, seu cabeo esbranquiçara, seu rosto enrugara, sua esposa dera mais dois filhos, e Pedro já perdia a paciência com a criançada. Desejou, pois, que os filhos já estivessem formados e, num longo puxão da linha, viu-se apenas com a esposa, que era idosa. Estava velho, suas costas doíam-lhe e já não exercia mais a profissão com tanto afinco. Pensou em se aposentar, ao que foi só fazer uso da linha. Certa vez, em sua casa sem nada pra fazer, resolveu passear pela floresta, as árvores já não eram mais arbustos. Chegou num banco e pôs-se a sentar, e caiu num sono leve, quando foi despertado por uma voz que seu nome chamava: -Pedro, Pedro, ao abrir os olhos viu uma mulher que encontrara há alguns anos e ela aparentava a mesma pessoa. -E então? Como foi sua nova vida? Gostou?
-Não estou bem certo não, dona. O tempo passou rápido e, pra falar verdade, não aconteceu nada na minha vida que eu pudesse classificar como excitante. Puxar a linha só vai antecipar minha morte, acho que  sua bola não me trouxe tanta sorte.
-Bem... falou a moça -eu posso lhe conceder um último desejo se preferir. E Pedro disse: Eu gostaria de tornar a viver minha vida como se fosse a primeira vez, assim poderei experimentar coisas ruins da mesma forma que as boas, e então a duração do tempo será mais natural.
O controle de nossa mente nos torna saudável.

“Não importa o quanto você se importe, algumas pessoas apenas não importam” - autor desconhecido.                                                        

4 de jan. de 2013

Para o alto e além



É natal, muita paz, harmonia, sucesso e alegria. Fui ter lá no meu sogro, um monte de coisa, troca de presente, bastante gente, a criançada se divertiu, primo sogra e tio. Ficamos até tarde, e pra casa retornamos. No dia seguinte pra São Paulo fomos. Minha mãe visitamos, a bagunça continuamos. Muita comilança, todos encheram bem a pança. No meu aniversário continuamos a festança; mas não havia ninguém, todos foram viajar também. Dia 29 de dezembro é assim: pessoas somem quando o ano chega ao fim. Bebida, suco, sidra, cerveja - tudo na mesa - torta, bolo, frango, não passei em branco.
Estou de férias, mas minha esposa trabalha, fico com as crianças, não há falha. No parque vou a passear, eles adoram bola chutar, tem de tudo pra fazer, vão correr, não param de brincar. Bastante coisa pra ver, até cansar. No dia 31 ficamos aqui em Santo André, fazer o que né? Chamamos um amigo e montamos uma ceia; era pequena, mas ficamos de barriga cheia. Os fogos ouvimos, luzes coloridas vimos, o céu brilhava, a lua iluminava. As bombas barulhos faziam e as estrelas reluziam. Entre um drink e outro; um voto de feliz ano novo. Muita paz, sucesso e alegria.
Primeiro de janeiro, feriado universal, dia da paz mundial. E que realmente venha a paz, pois violência, só violência traz. Pra esse ano uma promessa: vou terminar tudo que começa; fazer as coisas sem pressa, nunca desistir, saúde é o que interessa. O lema é persistir. A criançada fica em casa; a moça que aqui trabalha cuida deles: cozinha, lava, passa. Os dias vão passando, as crianças vão brincando, crescem saudáveis, deixam de ser frágeis, dão trabalho, é verdade, mas o cansaço faz parte. Quinta feira fui à academia. Estava vazia. Também, era o primeiro dia. Mas aos poucos fica cheia, muita gente bonita - só uma lá que é feia. Tem um moço a correr, uma mulher a pular,  o garoto um exercício a fazer, uma menina tenta um ferro puxar. Eu corro na esteira, levanto peso, é aquela suadeira.
Vou-me embora. Estou em casa agora. As crianças estão um quebra-cabeça montando, minha esposa foi dormir, um deles a TV está ligando, estamos todos a assistir. É uma novela chamada Carrossel, pra criançada esse folhetim parece ser o céu. Vou cozinhar, eles não tira o olho até programa terminar. Mais tarde eles vão os dentes escovar; depois, já estão na cama a deitar. Coloco um dvd, eles gostam do "Toy Story" bastante e,  logo eles dormem, pois têm sono de elefante. No filme existe uma frase que é bem interessante. É o lema pra esse meu ano entrante. Estou com sono também. E faço dessa máxima, minha premissa: " para o alto e além!"

"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida" - Bob Marley (1945-1981).