4 de mai. de 2012

Política da boa vizinhança



Quinta-feira chego em casa às 23h, estava cansado, de modo que, enquanto preparava o jantar, minha filha veio dar-me um abraço. Informou-me que o Lorenzo estava a dormir. Logo aparece Pedro, não durou muito e tornou à cama – de casal, é claro. Lara ainda ficou um pouco comigo, mas antes mesmo do microondas apitar ela já estava na cama – de casal, claro!
Após minha refeição madrugal, alienei-me frente à TV e nem lembro o programa que via – zapeava às cegas e isso durou uns bons quarenta minuto. Escovei os dentes e, já que no quarto de casal não havia espaço, tomei lugar na cama das crianças. Ao meu lado apenas Lorenzo descansava qual uma pedra.
Já deitado, antes mesmo de adormecer eu ainda joguei no celular um game de estratégias – o que ajuda a manter o cérebro ativo. É... acostumei-me a praticar incentivos cerebrais antes de dormir, seja ler, estudar, escrever crônicas, revistas, filmes – mas nada de comédia romântica: demasiado previsível. Não arrisco filmes com muita frequência. Dia desses assistia O Código DaVinci. Terminei, mas pesquei em alguns trechos.
Acordei pouco depois das nove com barulho de martelo no andar de baixo. Parcia que era dentro do quarto. Menos mal... talvez se a vizinha não estivesse em reforma eu teria dormido até mais tarde. Minutos depois toca à porta a tal vizinha. Minha esposa atende.
-Oi, Lú, tudo bem? -Tude bem Márcia e você? -Olha, desculpe-me a barulheira, sei que às vezes incomoda. Você não quer um armário que estou doando? Nisso o cachorro dela pula do colo e sai correndo pela casa. Era um poodle tamanho médio, meia idade. Bicho e filhos entram num tom de hamronia, não sei quem se divertiu mais, cahcorro ou crianças – parecia brincadeira de pega-pega. Ficamos de pensar na proposta do armário, já que temos muitas coisas.
As crianças andam de skate, jogam bola, passeiam de bicicleta, pulam do sofá, gritam, cantam... a vizinha deve ficar louca, porém, ela releva: sabe que três crianças dão trabalho mesmo! Um dia arrastei o sofá a fim de aproximar-me da TV. Minha ideia era não fazer muito barulho na casa para não acordar a família, então deixei o som baixo e cheguei mais perto. No dia seguinte, o interfone: -Lú, vocês estão arrastando o sofá meia noite aí em cima, e eu não consigo dormir aqui. Ops... falha nossa. Desculpei-me e tudo bem. Dias antes havia ocorrido um vazamento em minha cozinha e pingava direto na casa dela. O interfone toca: -Lú, tem um vazamento na sua casa e a água está escorrendo tudo aqui na minha estante nova. Chamamos logo o encanador: Política da boa vizinhança. Ela até tomou um café conosco na sexta-feira quando veio oferecer o armário!
Por fim minha avó chegou. Trouxe pão caseiro, doce e brigadeiro – esse último durou menos que vinte minutos até sobrarem três na bandeja.

O tempo é curto, e descobrimos que levamos muito tempo para a gente querer ser quem a gente é.” - autor desconhecido.

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