Quinta-feira
chego em casa às 23h, estava cansado, de modo que, enquanto
preparava o jantar, minha filha veio dar-me um abraço.
Informou-me que o Lorenzo estava a dormir. Logo aparece Pedro, não
durou muito e tornou à cama – de casal, é claro. Lara
ainda ficou um pouco comigo, mas antes mesmo do microondas apitar ela
já estava na cama – de casal, claro!
Após
minha refeição madrugal, alienei-me frente à TV
e nem lembro o programa que via – zapeava às cegas e isso
durou uns bons quarenta minuto. Escovei os dentes e, já que no
quarto de casal não havia espaço, tomei lugar na cama
das crianças. Ao meu lado apenas Lorenzo descansava qual uma
pedra.
Já
deitado, antes mesmo de adormecer eu ainda joguei no celular um game
de estratégias – o que ajuda a manter o cérebro
ativo. É... acostumei-me a praticar incentivos cerebrais antes
de dormir, seja ler, estudar, escrever crônicas, revistas,
filmes – mas nada de comédia romântica: demasiado
previsível. Não arrisco filmes com muita frequência.
Dia desses assistia O Código DaVinci. Terminei, mas pesquei em
alguns trechos.
Acordei
pouco depois das nove com barulho de martelo no andar de baixo.
Parcia que era dentro do quarto. Menos mal... talvez se a vizinha não
estivesse em reforma eu teria dormido até mais tarde. Minutos
depois toca à porta a tal vizinha. Minha esposa atende.
-Oi, Lú,
tudo bem? -Tude bem Márcia e você? -Olha,
desculpe-me a barulheira, sei que às vezes incomoda. Você
não quer um armário que estou doando? Nisso o
cachorro dela pula do colo e sai correndo pela casa. Era um poodle
tamanho médio, meia idade. Bicho e filhos entram num tom de
hamronia, não sei quem se divertiu mais, cahcorro ou crianças
– parecia brincadeira de pega-pega. Ficamos de pensar na proposta
do armário, já que temos muitas coisas.
As crianças
andam de skate, jogam bola, passeiam de bicicleta, pulam do sofá,
gritam, cantam... a vizinha deve ficar louca, porém, ela
releva: sabe que três crianças dão trabalho
mesmo! Um dia arrastei o sofá a fim de aproximar-me da TV.
Minha ideia era não fazer muito barulho na casa para não
acordar a família, então deixei o som baixo e cheguei
mais perto. No dia seguinte, o interfone: -Lú, vocês
estão arrastando o sofá meia noite aí em cima, e
eu não consigo dormir aqui. Ops... falha nossa.
Desculpei-me e tudo bem. Dias antes havia ocorrido um vazamento em
minha cozinha e pingava direto na casa dela. O interfone toca: -Lú,
tem um vazamento na sua casa e a água está escorrendo
tudo aqui na minha estante nova. Chamamos logo o encanador:
Política da boa vizinhança. Ela até tomou um
café conosco na sexta-feira quando veio oferecer o armário!
Por fim
minha avó chegou. Trouxe pão caseiro, doce e brigadeiro
– esse último durou menos que vinte minutos até
sobrarem três na bandeja.
“O tempo
é curto, e descobrimos que levamos muito tempo para a gente
querer ser quem a gente é.” - autor desconhecido.
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