27 de jul. de 2012

Quatro-Pés,Sem-Pés e As Fadas




A garotinha toda noite ficava debruçada em sua janela a contemplar as estrelas. Ela desejava tocar em uma. Certa noite de verão, não aguentou e foi em busca de seu objetivo. Enquanto andava, olhava para o céu. De repente, encontra um moinho: -Seu moinho, eu quero brincar com uma estrela, você sabe se existe alguma por aqui? -Ah sim, claro, falou o moinho, elas brilham em minha janela todas as noites, a mais forte vem daquela lagoa. Lá você vai encontrar.
Ao chegar à lagoa mergulhou e nadou e nadou até cansarem os braços, mas não tinham estrelas. Quando saiu da água percebeu que havia um riacho por perto e perguntou: -Seu riacho, eu gostaria de tocar nas estrelas, onde posso encontrá-las? -Pois bem garotinha, elas vivem a reluzir em minhas margens e não me deixam dormir. Ande por ela e você as encontrará.
Andou, andou e andou, e nada de estrelas. Cansada, sentou-se num tronco em meio à relva e, de repente, surgem pontinhos brilhantes em sua frente. Eram As Fadas-Oi menina, está só? -Sim, eu quero brincar com uma estrela, vocês sabem onde posso tocar em uma? As Fadas indicou que ela deveria falar com Quatro-Pés, que ele a levaria até Sem-Pés e que depois teria que ir à Escada-Sem-Degraus. Antes que a menina pudesse agradecer a sugestão, As Fadas já haviam sumido no ar.
A menina levanta-se do tronco, anda uns vinte metros e avista um cavalo preso à uma árvore. -Olá seu cavalo, eu quero tocar nas estrelas, onde as encontro? -Desculpe-me, mas eu não me manifesto. Estou aqui à mando de As Fadas. -Eu falei com elas, e me disseram que era pra ir com o Quatro-Pés e depois o Sem-Pés. -Quatro-Pés? Sou eu... sobe aí e vamos lá.
Quatro-Pés correu em meio à floresta até chegar numa praia. -Aqui é o fim da linha garotinha, agora eu volto pra casa. Amenina apeou, agradeceu, e andou pela areia da praia até encontrar um peixe gigante, o maior de todos a dormir na beira. -Seu peixe, seu peixe, você está bem? -Ahã, ein? quem é você? -Eu quero tocar numa estrela , o sehor sabe onde posso birncar com uma? -Não estou autorizado a falar com estranhos, trabalho apenas para As Fadas, vá ter com elas. -Mas eu falei, e elas me disseram para encontrar o Sem-Pés.
-Sem-Pés??... ah... esse sou, então sobe aí e vamos nessa. Eles nadaram muito. Quando chegaram num lugar onde parecia que o céu encontrava o mar, ainda continuaram a nadar, e depois de muitas horas, o peixe parou em meio à solidão calma do oceano noturno e disse: -É aqui! Fim da linha, pra frente não avanço mais. Ao falar isso, aparece ao lado deles uma espécie de caminho que leva às alturas da vastidão do céu estrelado. Não era uma estrada porque não tinha acostamento, nem cimento e nem carros. Não era um arco-íris, pois tinha uma cor prateada que cintilavam luzes radiantes. Era a Escada-Sem-Degraus. Ao que Sem-Pés a instruiu: -Cuidado mocinha, essa escada não foi feita para garotinhas que tem os pés como os seus.
A menina pôs-se a subir, subir e subir. Quando estava cansada, pensou em voltar, mas absolutamente o fez, já que chegara tão distante. Tentou levantar a mão, mas percebeu que ainda faltava muito para alcançar as maravilhosas estrelas. O dia já estava para amanhecer, e quando ela encontrou o topo da Escada-Sem-Degraus, viu passar uma estrela cadente, esticou-se toda para que pudesse tocar, mas escorregou e caiu. Foi caindo, caindo e caindo.
Pela manhã acordou em sua cama e viu que sua mão estava fechada e brilhava. Ao abri-la, surge uma estrelinha em sua palma, que logo desaparece -Será que foi um sonho, ou eu toquei as estrelas de verdade?

"Habilidade é o que você é capaz de fazer. Motivação determina o que você faz. Atitude determina o quanto você faz isso bem feito" – autor desconhecido.

20 de jul. de 2012

Crônicas da compaixão




A compaixão toma posição com o outro em horas de infortúnio. Compaixão é uma característica nata do ser humano; é uma disposição ativa para a amizade; é vontade de estar do lado do outro trazendo consolo e apoio na tristeza e na aflição.
Era uma vez uma mãe viúva que tinha duas filhas. A mais velha se parecia muito com ela, já que possuíam traços maléficos, cujas personalidades tinham características muito frias. A filha caçula era diferente, tão mais humana quanto mais carinhosa.
Elas viviam no campo, onde água era um recurso inexistente, por isso mesmo a mais nova sempre tinha que viajar duas vezes por dia até um poço que ficava a cinco quilômetros de distância, em um dia apareceu uma moça sedenta:
-Por favor, conceda-me um pouco de água. Ao que a menina amarrou uma corda ao jarro, levou-o até o fundo do poço, ergueu-o cheio e entregou à pessoa:
-Que pessoa mais dócil e gentil, muito obrigada. Eu, como uma fada disfarçada, lhe concedo o dom de, a cada palavra proferida de sua boca, sairem rosas e pedras preciosas.
De retorno à casa, a mãe esbraveja:
-Por quê demoraste tanto? Não vês que sua irmã e eu precisamos de água? E, ao primeiro sinal de algumas palavras, eis que jóias são lançadas ao ar.
-Nossa, então existem diamantes saindo de sua boca?! Exclamou a mãe. De modo, que, agora é a filha filha mais velha quem foi esclada para buscar água - e essa resmungava sem parar:
-Veja só, eu ter que ir buscar água... vê se pode... só faltava essa! Ao chegar ao poço, a filha mais velha avista a mesma fada que a irmã conhecera antes. A menina mal caráter foi logo avisando:
-Escuta aqui ô sua velha, se você acha que vou pegar água pra você, engana-se muito, eu não farei nada pra ninguém, se queres água, te vira, vá você mesmo.
-Nossa, que pessoa mais isolente e sem coração, por isso mesmo lhe concedo o dom de, a cada palavra dita, saírem cobras e sapaos de sua boca. Sua mãe, assustada com tantos répteis e anfíbios pelos cantos, atribui a culpa à sua filha mais nova, e a expulsou de casa. Foi então que, ao caminhar perdida pela floresta, passa por ali, o filho do rei, e esse questiona:
-O que uma menina tão bonita faz aqui perdida? E, cabisbaixa responde: -Fui expulsa de casa. O príncipe, ao perceber que diamantes eram expelidos, entende, pois, que aquela pessoa não poderia ser abandonada desse modo. De maneira que levou-a ao castelo.
A filha mais velha, de tanto cuspir bichos estressou sua mãe, de modo que a mesma não mais a quis em seu abrigo, e foi viver em meio às árvores. Esquecida por todo mundo, padece em algum lugar que não o Paraíso. Sua mãe fica só na casa e morre doente e velha, enquanto que a filha mais nova casa-se com príncipe em seu suntuoso palácio.


Por mais que me digas palavras impróprias; de minha boca só sairão palavras dóceis, pois é o que tenho para oferecer.” – autor desconhecido.




13 de jul. de 2012

Um passeio pelo mundo dos animais




Domingo último fomos ao Aquário de São Paulo. É o aquário onde existe a maior quantidade de animais expostos da Américas Latina, de modo que não há apeans seres marinhos, além também de tamanduás, macaos, texugos e demais mamíferos. Também é o único aquário temático, ou seja, as florestas brasileiras são retradadas e temas como poluição de rios e espécies ameaçadas são abordados. Existe o oceanário onde há mais de um milhão de litros d'água, em que podemos embarcar num submarino naufragado. No Vale dos Dinossauros há réplicas gigantes, mas o mais interessante são os morcegos que, vez em quando abrem as asas para os visitantes – sua envergdura é surpreedente! Dá até para visitar o Pólo Sul onde pinguis são protagonistas.


Família: Lara, Lorenzo, Pedro Henrique com a vó Vera.


 Muita água: 2 milhões de L., e 300 espécies de animais





Morcegos: direto da lha de Java. 





 Grande: o espaço tem 9 mil m. quadrados.






Depois de um tempo aprende-se a diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma” – autor desconhecido

12 de jul. de 2012

Quando a morte conta uma história você deve parar para ouvir.




Todas as noites eu ficava a espionar Seu Pereira que saía de casa para trabalhar numa firma que ficava do outro lado da cidade. Sempre à uma e trinta da manhã ele deixava seu lar com um ar cansado, maleta na mão, blazer preto e caminhava cinquenta metros até o terminal, onde o fretado o aguardava. 
Eu ficava na frente da casa dele do outro lado da rua, escondida atrás de uma estátua velha que era sustentada por um pedestal. A iluminação pública deixava a desejar, as madrugadas de outono eram frias e, num céu nebuloso, as estrelas mais fortes sobreviviam. Às vezes, a lua vinha dar "bom dia", o que colaborava para um cenário bucólico. Os carros não transitavam, as pessoas não passavam, sua esposa e filhos já dormiam e as casas tinham as luzes apagadas. A cidade tornava-se deserta em meio à escuridão, mas eu sempre estava a acompanhá-lo.
Certa vez, logo depois de Seu Pereira fechar o portão, eu saí de trás da estátua, atravessei a rua e passei por trás dele. Seu Pereira pisou em falso num pequeno buraco encravado na calçada e torceu o pé. Ficou parado no chão, fez uma massagem, levantou-se e foi-se manco. Subi no fretado também. O assento do Seu Pereira era sempre na primeira fila, e eu fiquei lá atrás, ao lado da janela, a ver a paisagem passar. Pouco antes de o ônibus chegar à empresa que era do ramo de papel e plástico onde Seu Pereira trabalhava, presenciei, através da janela, um acidente: um motoqueiro atravessou o sinal vermelho e um caminhão o atropelou. Mas eu ainda me concentrava em Seu Pereira.
No ofício de seu trabalho, ele era conhecido apenas como Pereira, e eu estava lá dentro da firma a acompanhar o seu trabalho de operador de máquina de corte e vinco. Certa feita, a máquina quebrou. O supervisor ordenava não desligar nada, ou seja, enquanto Seu Pereira consertava a mesma devia permanecer ligada e, nessa ocasião, o de do médio de Seu Pereira foi mutilado. O sangue espalhado era inevitável. Seu Pereira ficou uma semana sem sair de casa.
Dias depois, ele teve uma discussão com a mulher – coisas de casal. As crianças andavam doente, a esposa não trabalhava, e ele não tinha dedo, mas sua rotina profissional continuava. E eu sempre a vigiá-lo. Uma vez houve um assalto em uma casa na travessa da rua onde seu Pereira morava. Duas pessoas saem correndo em meio às trevas da escuridão: o rapaz que está atrás atira no que corria à frente, e, por questão de milésimos, o projétil não atinge a cabeça de Seu Pereira.
Passaram-se dois anos e, confesso, eu já estava cansada. Seu Pereira ganhou indenização da empresa por danos morais e materiais, além de um auxílio alimentação. Até os 70 anos Seu Pereira, que tinha meia idade, estava garantido com a folha de pagamento da empresa, além de um bônus de 50 salários mínimos pela perda do dedo. Seus filhos estavam crescidos e sua esposa já inserida no mercado. Eles se mudaram para outro estado por uma melhor qualidade de vida.
Aliás, vida foi o que resolvi entregá-lo. Hoje a família vive feliz, e pode ter certeza que eu não vou infernizá-lo por um bom tempo. 

“Os homens são como ondas: quando uma geração floresce, a outra declina.” – poeta épico da Grécia antiga