Era uma vez
na antiga Roma um escravo que, cansado de tantos maus-tratos fugiu.
Ele andou, andou e, por fim encontrou abrigo numa caverna em em meio
às montanhas. Sem rumo, a ideia era chegar em algum lugar um
tanto civilizado, de modo que, à luz da lua, sob as estrelas
dormiu na caverna, de modo que acordou assustado com um rugido de um
grande leão.
O escravo
ficou apavorado, já que estava encurralado dentro da caverna,
e o leão rugia cada vez mais, porém, como demorou a
atacá-lo, o escravo logo percebeu que ele sentia dor porqeu
havia um espinho em sua pata. Sim, porque bichos caçam à
noite e o leão já havia tido seu lauto banquete àquela
hora da manhã. Dizem que se um ser humano passar a mão
na boca de um leão que acabou de comer, o animal não
fará nada. (não vou pagar pra ver!).
De maneira
que o espinho o encomodava muito. O escravo logo percebeu o
sofrimento alheio e, de um forte puxão, o espinho saiu. O
animal ficou muito feliz e aliviado, encostou a cabeça no
pobre moço, como se dissesse 'obrigado'. Lambeu o homem de
alegria. Algumas horas depois o escravo foi encontrado e, naquela
época em Roma, escravos traiçoeiros eram jogados na
arena junto com feras famintas largados à propria sorte. E
assim foi feito. Quando o escravo entrou no recinto, o público
se manifestou em forma de urros e gritos - o que parecia mais a final
a copa do mundo, ou o último dia da temporada da fórmula
1.
O escravo
estava super assustado e sabia que morreria. Um leão foi
solto, pois. Corria e corria na direção do rapaz e, de
um salto bem logo, atacou o sujeito, mas mesmo com fome, o bicho
jamais comeria aquele que lhe ajudou na caverna. Sim, invés de
uma corriqueira luta entre homens e feras, o que se viu foram abraços
leoninos (o que, aliás, eu não quero experimentar!).
O público,
ao ver tudo aquilo, não compreendia. Os dois estavam muito
felizes em plena arena, e era a primeira vez que um homem não
saía morto de lá. De modo que o escravo se manifestou
para todos ouvirem: - Eu sou um ser-humano como todos vocês,
porém, sendo escravo, nunca ninguém buscou minha
amizade. Esse leão não vê cara e sim corção!
Na caverna fizemos uma bela amizade, ele cuidou de mim, me protegeu
do frio, do calor, me levou onde havia água, fiz fogueiras em
noites frias, ele me trazia comida, eu o ajudei e, também, por
vezes, o protegi de caçadores quando pude e, agora, é a
primeira vez que sinto o que é ter um irmão.
Diante de
tais comoções o Rei estava prestes a lhe conceder a
escolha de continuar a ser um escravo e viver entre humanos; ou
seguir em liberdade e viver como bicho. Convictamente o moço
quis a liberdade. O povo clamou para que o leão também
não mais fizesse parte desses eventos sanguinolentos e, aos
dois, foi concedido um presente: viver juntos por muitos anos.
“Um
verdadeiro amigo é alguém que pega a sua mão e
toca o seu coração.” - Gabriel
García Márquez – escritor colombianao (1927
– ).
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