16 de dez. de 2011

Minha bicicleta dormiu fora






Quinta feira última acordei às oito e meia e fui até a casa de um conhecido editar um video em que gravamos uma festa de debutante, saí de lá, deixei o carro em casa, peguei a biciclete e fui trabalhar. Dia desses um colega da academia perguntou: “você vai andar de bicicleta vestido de social?” “sim! eu preciso ir trabalhar, e o meio de transporte que tenho é este, é o que tenho pra hoje”. Soma-se a isso o fato de eu realmente gostar de andar de bicicleta – qualquer outra pessoa percorreria a pé os oitocentros metros que separam o lugar onde eu moro de onde trabalho.
Ao chegar à escola em que leciono idioma inglês, fiz alguns deveres e logo saí para ir ao banco. Fui pagar meu IPVA atrasado, já que em janeiro começam novas parcelas dessa robalheira que não convém explicar aqui (na Austrália não se paga IPVA, a quantidade de pdágio é mínima, e as estradas não tem um buraco sequer). Ao chegar ao banco fui direto ao terminal eletrônico, fiz duas tentativas, não consegui pagar, chamei o funcionário e, da mesma forma que ele não conseguiu porque excedeu o valor mínimo, o mesmo deu-me uma senha a fim de pagar no caixa, esperei por uns dez minutos, a moça falou-me para apresentar o RG, ao que estava sem: “desculpe, mas eu não tenho aqui, eu posso voltar mais tarde?” “Até às quatro pode, não precisa pegar fila, vem direto comigo”.
Ao voltar pro trabalho, um recado: “Guilherme vai falar com o diretor porque você tem que abrir conta em banco”. O mesmo também me pediu o RG e não pude aprsentar. “Desculpe Fábio, olha eu moro perto, estou de bicileta vou e volto em quarenta minutos.” Era três e dez. Desamarrei minha bicicleta do poste e fui até em casa em pedaladas firmes, estava muito quente e eu suava, amarrei a bicileta no corrimão do hall de entrada na parte externa do prédio, peguei meu RG e CPF e; ao abrir o cadeado da bike pra ir embora; a chave - tão frágil qual uma crosta de gelo - quebrou. Era 3 e trinta.
Retornei correndo ao banco portanto, cheguei tão suado quanto um cão peludo que brinca em dias de verão. De tanta gente; mesmo tendo furado fila como a funcionária sugerira; demorou vinte minutos pra eu ser atendido, paguei o IPVA e voltei pro trabalho.
Ao chegar, tirei xerox dos documentos e entreguei ao diretor. A gerente do banco em que eu abriria conta estava lá. Assinei papeis e aproveitei para perguntar sobre taxas de fundos, previdências, CDB´s e afins. Quando deu dez da noite terminou meu expediente. Perguntaram-me “Guilherme vamos ao shopping?” “Não, obrigado, estou exausto, bom passeio.” No hall do prédio, na calada da noite, minha bicicleta ainda se mostrava presente.
Entrei no apartamento e as crianças estavam acordadas, coloquei um shorts pra dormir, escovei os dentes de um deles e fui deitar com todos. Quando acordei na sexta, minha esposa falou: “Guilherme, você deixou sua bicicleta lá fora?” “Deixei” “pois o porteiro viu alguém levando e não pôde fazer nada.
Era brincadeira. Já arrombei o cadeado.

A preguiça gasta a vida, como a ferrugem consome o ferro - autor desconhecido

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