23 de dez. de 2011

Saudosos entretenimentos




Fui criado no centro de Santo André e, diferentemente de muitos, eu e meus irmãos não tinhamos a mínima possibilidade de brincar na rua devido ao trânsito constante. Comecei a frequentar o Tênis Clube, vizinho de muro do prédio onde eu morava. Desde muito pequeno lá foi meu palco de lazer: fiz judô, musculação, tênis, nadei muito na piscina, comeci a jogar bola, aliás, toda a garotada e moçada que aquele clube fequentava jogava bola. As categorias no futebol eram dividas da seguinte forma: fraldinha, infantil, pre-mirim, mirim, infanto-juvenil, juvenil. Eu comecei no fraldinha com seis anos, mas foi no pre-mirim que desenvolvi uma habilidade razoavel. O pessoal do juvenil, por exemplo eram quase adultos que faziam um vedadeiro show à parte, não só para meus olhos, como pra todos naquele clube.
Quando o juvenil jogava contra algum outro clube, todos ali no Tênis se preparavam para o maior acontecimento do ano. De todos os clubes existentes no ABC o time juvenil do Tênis Clube pontuava como um dos primeiros no ranking da lista de melhores. Tênis Clube x Primeiro de Maio: era uma rivalidade enorme, mas definitivamente o maior jogo do ABC no futebol de salão era Tênis Clube x Meninos F.C – seja na casa dos Meninos, ou seja em nossa casa, o jogo era pegado, um verdadeiro racha - saía até briga – parecia Uruguai x Brail nos campos.
Tínhamos uns dos melhores ases do salão, a exemplo de Mateus Cavichiolli, Jander, Fabiano - Jean Dallolio fechava o gol. Nessa época meu irmão estava no infanto juivenil. Ele começou com seis anos também. Não sei como, mas o moleque dsenvovleu uma habilidade tão grande que, por anos, foi condecorado como o melhor jogador do clube - o cara fazia coisas que, dificilmente, vemos: saia com a bola de sua área, limpava todo o time, chegava na área adversária e marcava gol: sozinho. Ele não era fominha, mas tinha segurança suficiente para fazer fila em todos os cinco jogadores do time oposto, e isso só quem tem muita intimidade com bola pode fazer – meu irmão deve ter algumas medalhas guardadas dessa epoca ainda. Eu olhava e pensava: “caramba, ele é meu irmão, começou dois anos antes que eu, e como consegue jogar assim?” - orgulhava-me, pois. Gostava muito de ver também o futebol de Leandro Tellent, a facilidade que ele tinha para driblar era bonito de se ver. Naturlamente, os caras que eram bons jogadores eram vistos com respeito pelo clube todo.
Existiam os que eram ruins também claro. Imaginem alguém cara-a-cara com o gol, sem goleiro e o sujeito erra - esse era o Maradona – o tal apelido tinha o intuito de incentivar nosso colega, às vezes, tocávamos a bola para ele só pra não ficar com aquela característica de jogador cafe-com-leite – nosso colega maradona se gabava todo. Havia o Mobral também, a quem, um dia, alguém, o apelidou assim, talvez pelo seu futebol que deixava a desejar – Fernando era seu nome, e o mais curioso: Ele sempre ganhava medalha de melhor aluno no Liceu Monteiro Lobato onde estudávamos. Atualmente ele ´[e coordenador do núcleo de pesquisa de uma das maiores agências de publicidade do Brasil. Mobral? Acho que não.
Tinha o Macarrão, o Zé d'oclinhos, o Cabeção, o Ferrujinho, Jesus, Titico, Charlei Brown, Mad, enfim, eram tantos apelidos que não caberia aqui.
Atualmente reconheço a dificuldade em manter um clube estruturalmente grande, frente aos inúmeros motivos tecnologicamente avançados que temos – a exemplo de internet, video-games, canais de televisão, aplicativos de celulares - isso roubou um pouco da brincadeira que existia; eximiu a de relação interpessoal; tirou da juventude moderna o direito do lazer comunitário, e da cultura olho-no-olho. Video-games existiam na época, mas os amigos eram mais legal que o Atari; internet nem pensar; TV eram desenhos como smurfs, caverna do dragão, mr magoo, gato felix, thunder cats, cavalo-de-fogo, ou seja, nada que nos fazia trocar um bom futebol e umas boas risadas com os colegas.

Leva-se anos para conquistar confiança e apenas segundos para destruí-la” - autor desconhecido.

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