21 de set. de 2012

Além de sonhos




João morava em Santos com sua mãe e seu irmão que tinha dez meses. Um dia ele ficou cansado do despetador e resolveu acordar sem ao auxílio do mesmo. Resultado: recentemente chegava atrasado ao trabalho. Não deu outra. Foi mandado embora do supermercado onde era estoquista – não gostava muito mesmo desse serviço. Isso aconteceu quando ele tinha 16 anos. O pai havia fugido de casa havia qause dois anos quando a mãe engravidou de Luca. A mãe não trabalhava e cuidava da criança e da casa alugada, situada na periferia, ao qual conseguia sustentar pelo dinheiro do bolsa família.
João estava na sétima série, era o mais atrasado de sua turma. Não que não fosse interessado nos estudos, mas fato é que nunca foi educado à estudar, já que sua mãe tem até a quarta série. Talvez, pela filosofia sofrida de vida, João possuía duas características diferenciadas no ser-humano: esforçado e motivado. Sim, era um pouco preguiçoso, mas isso era porque o desânimo, às vezes, era inevitável, como nessa situação em que estava desempregado, a mãe sempre discutia.
Começou a entregar panfletos de apartamentos nos semáforos e aquilo só alimentou a ilusão de morar naqueles prédios, uma dia, quem sabe! Mudou-se logo para a empresa do tio (irmão da mãe), uma escola profissionalizantes, onde havia apenas dois cursos: inglês e informática. Lá entregava panfletos e abordava pessoas nas ruas para vender – até que teve sucesso em alguns casos, aprendeu na raça técnicas de vendas e foi lá mesmo que teve noções básicas de inglês e informática.
Agora, aos dezoito anos se sentia mais culto, foi dispensado do serviço militar como arrimo de família, muito embora havia preenchido o cadastro que sim, queria se tornar um soldado. Começou a estudar mais e mais na, já, quase falida escola do tio; passou no vestibular e entrou em Sistema da Computação. Um curso de três anos apenas: oitenta por cento do salário era destinado à faculdade. Dessa vez era um bom aluno, mas no momento em que ia começar o terceiro ano, a polícia conseguiu localizar a mãe a fim de dizer que seu marido havia morrido numa perseguição contra bandidos. Ele mexia com drogas.
A última vez que João havia encontrado o pai estava com onze anos de idade, tinha uma vaga lembrança dos poucos ensinamentos, alguns momentos era recordado por surafrem juntos ou jogarem bola na praia com os caiçaras. Sobrara um retrato dez por cinco na cabeceira de seu quarto quando joão tinha sete cinco: a criança estava sentada nos ombros do pai, a mãe ao lado e o mar de fundo. A mãe não quis ir para o Ceará reconhecer o corpo. Foi João, pois.
Com cabelos louros aparentemente uns cinquenta e poucos lá estava seu Josias de um metro e oitenta jazido no caixão do Estado. Depois que saiu do cemitério, João tomou coragem, respirou fundo e, à sua frente, havia um mundo – agora para encarar! Antes de retornar parou num bar, e o dono questionou sua idade. Portava RG. No balcão ouviu alguém dizer que tinha a intenção de montar algo voltado para o turismo em fortaleza: -Olha moço, com licença, acabei de enterrar meu pai, não sou daqui, tenho noções de inglês e posso ser um guia turístico. Conversa vai e vem, assim foi feito. Avisou a mãe, e também queria tracar a faculdade por telefone, mas precisavam da assinatura, a mãe até tentou ir lá, mas faltava a ssinatura do João. Ou seja, a Faculdade continuou cobrando e dando faltas a ele. Ficou um ano em Fortaleza, tornou-se fluente em inglês, conheceu uma porção de gente bacana, e o pouco que ganhava mandava para a mãe. Sentia falta dela e do seu irmãozinho agora com cinco anos.
Voltou para Santos a fim de ficar com eles.
(continua)
as únicas mentiras que se podem tornar realidade são aquelas chamadas sonhos.” - autor desconhecido

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