22 de mar. de 2013

O homem que nunca se irritava.



  
Um grupo combinou de sair. Eram cinco. O destino: um restaurante. Entre eles, Bruno, quem possuía uma característica difícil de encontrar nas pessoas que habitam a cidade grande: ele era tão calmo quanto um rio que não necessita ser empurrado. Na escola tal virtude - se assim podemos dizer - lhe rendera vários apelidos, como “Charlie Brown”, “devagar-quase-parando”, “Mister Magoo” entre outros mais que surgiam com a moda da época.
E tal qual um rio que sempre vai pra frente, Bruno tinha objetivos claros de nunca parar na vida; não era preguiçoso; gostava de fazer muitas coisas e apreciava os momentos que a vida fornecia. Ele sabia da dificuldade em encontrar qualidade de vida numa cidade agitada, em que o sobrenome das pessoas levava a alcunha de “estresse”.
Então, no restaurante os amigos armaram para irritá-lo. Até a garçonete entrou na combinação: Ela sabia de tudo. Sentados envoltos à uma mesa redonda, os amigos de Bruno esperavam por uma sopa deliciosa, e quando chegou o prato, a garçonete, no entanto, não serviu Bruno.  
-Moça, por favor.
-Pois sim, cavalheiro, o que deseja? E, então, ele falou com toda a calma de espírito. -Desculpe-me, mas acho que a senhora esqueceu de trazer meu prato. 
-Ah, sim! desculpe-me, vou pegá-lo. 
Os amigos na mesa não falaram nada, só observaram. Eles já haviam terminado a sopa, de modo que Bruno tornou a chamá-la. -Moça, acho que a senhora deve ter esquecido da minha sopa, talvez seja o imenso trabalho aqui no restaurante.
-Sim senhor, desculpe senhor, já vou verificar. Nisso, a garçonete percebeu que os amigos já haviam terminado e ofereceu a eles: -Com licença rapazes, vocês vão querer mais sopa? Todos concordaram! Quando ela trouxe a iguaria à mesa, esqueceu-se novamente de Bruno. Os amigos continuavam calados. Bruno estava com fome. Novamente chamou a garçonete.
-Moça, meus amigos estão no segundo prato e, a mim, nem ao menos foi servido o primeiro. Ao que ela retruca. -Senhor, me desculpe, mas eu já trouxe o seu prato.
-Não, a senhora não me trouxe nada ainda!
-Trouxe sim, senhor. O senhor comeu e talvez não lembre.
-Como poderia não lembrar-me de tão cheirosa sopa, senhora?
-Pois, francamente, o senhor já tomou sim. Nisso, os colegas presentes torciam para que ele se irritasse, já que a discussão caminhava para isso, porém, com toda sua sabedoria e instrução cultural, disse à funcionária do estabelecimento:
-Senhora, muito obrigado por ter trazido minha sopa. E, sinceramente, eu nuca experimentei tão deliciosa refeição, de maneira que o restaurante se empenhou tanto em me servir um prato tão gostoso que seria difícil recusá-lo. A senhora, por favor poderia me servir novamente?
Ao que assim foi feito e, mais uma vez, os amigos não conseguiram sacaneá-lo.

 O segredo da vida é aproveitar cada calmaria, cada pequeno momento. – autor desconhecido

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