7 de abr. de 2015

Que o seu espírito seja livre e voe alto
Aquele marido, há meses, estava a criar coragem para falar o que ele diria à esposa, porém, no dia em que ela estava hospitalizada o rapaz percebeu que não havia outro jeito. Tinha que falar com ela a qualquer custo, de modo que começou a conversa pelo ponto mais nevrálgico da historia: - Ana eu ou me separar de você. Eu estava num hospital porque em instantes eu daria luz ao meu primeiro filho, e estava tão concentrada no bebê, que imaginei tão ter ouvido direito: - O quê? O que é? O que você falou?  -Sim, é isso mesmo! Desculpe ter que ser desse jeito, aqui nesse lugar, mas fato é que eu não te amo mais. Eu fiquei a pensar o porquê daquilo tudo e por que ele esperou justamente esse dia para e falar isso. Eu disse: - Olha, hoje não é um bom momento para conversarmos a respeito disso, agora, deixa de brincadeira e nos falamos mais tarde ok? –Não é brincadeira, eu tenho outra. Antes mesmo que eu pudesse saber se ele não teria vontade de ver a criança, ele já havia saído do quarto.
Tínhamos tudo: Uma casa bonita, grande, dois carros na garagem, piscina, passeios aos feriados, porém, minha animação caiu de dez para zero numa escala emocional. Max nasceu numa quinta feira e era tão lindo e inocente que não fazia ideia do que estava a acontecer. Quando meu filho tinha cinco semanas de idade eu descobri que meu marido não só já tivera muitos casos, como também conheceu outra pessoa durante minha gravidez. Mudei-me para o subúrbio, os amigos sumiram, mas também quem ia querer ajudar uma pessoa sem dinheiro, morando longe e com um bebê recém-nascido para cuidar? Entrei em profunda depressão, desânimo e vontade de não fazer nada. Eu estava caindo num poço e não conseguia nem ver o fundo dele ainda. Meu filho não tinha culpa de nada, e eu tentava mascarar esse período ruim a dar sorrisos para ele – não queria que ele me visse chorando.
Os primeiros três meses foram resumidos a um borrão de lágrimas. Após licença voltei a trabalhar, mas não queria mostrar para ninguém o que havia acontecido comigo e fingia que as coisas iam bem. Num domingo chuvoso, quando Max fez seis meses, eu tive uma forte discussão com meu ex-marido ao telefone e, então fui fazer um chá para me acalmar, sentei na cadeira da cozinha e, após terceiro gole, a xícara espatifou de encontro à parede. Os cacos voaram para tudo quanto é lado, mas o barulho do estilhaço não foi mais forte que meu choro e meu grito de “não quero mais viver”. E então fui chorando baixinho e mantive assim por um bom tempo. Conforme as lágrimas cessavam, um silêncio tomava conta de mim, e então eu percebi que uma força que vinha de minha alma interior começou a se manifestar. Eu precisava tomar o controle da minha vida. Eu decidi não mais dar ao meu marido o poder de afetar minha vida com tanta negatividade, pois essa energia ruim queria me dominar também.
E então, súbito, arrumei as malas, peguei meu filho e fui visitar meu irmão a 623 quilômetros de distância. Dentro do ônibus eu cantava pra ele, sorria com ele, falava com ele... Que benção era meu filho... Me deu forças para continuar a viver todo esse tempo. Ele era a razão de minha vida, era quem me fazia levantar da cama todas as manhãs. Daquele dia em diante decidi concentrar-me na força e na confiança que existe no meu coração. Senti vontade de encontrar com os amigos e de rir com eles pela primeira vez em meses. Eu aprendi que minha felicidade tem que vir de dentro e é esta a lição que desejo compartilhar com os outros.
Sou responsável por minha própria vida, e não pela vida de quem me é negativo. E se eu quiser construir minha felicidade, não estarei a viver verdadeiramente ao lado de quem suga energias. Que o espírito dentro de mim seja livre. Que o espírito dentro de mim se encha de gozo em sua plena singularidade. Que o espírito dentro de mim se torne uma alegria e não algo que tenho medo de perder.
Que o seu espírito seja livre e voe alto.




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