23 de mar. de 2012

REFUGIADOS



Essa é uma história que aconteceu no tempo da escravidão. Muitos negros tinham vontade de fugir do regime ao qual seus “donos” lhes maltratavam. Muitos não faziam, sujeitos às mais severas condenações. Para evitar fugas, carrascos eram espalhados por todas as fazendas, como vigias.
Mas Escarlet era difrente. Dotada de uma força divina que somava fé à coragem, ela fugiu. Seus irmãos queriam acompanhá-la, mas disse-lhes para ficar, pois aquela seria uma longa empreitada que exigia muito esforço, e o que Escarlet menos queria era que seus irmãos fossem encontrados e punidos. Deixou-os com a promessa de um dia voltar e salvá-los, bem como todo o grupo de escravos.
O destino de Escarlet era um barracão cheio de escravos, porém o que mais a encorajava era que sua mãe estava entre eles – o objeto dessa aventura era resgatá-la. Não havia muita estratégia em seu plano de fuga, de modo que o planejamento era improvisado a cada passo dado e descobriu que seria melhor andar à noite quando os capangas estariam dormindo, e descansar durante o dia. Ela enfrentava florestas; terrenos alagadiços; desertos secos; noites chuvosas; comia vegetais, insetos e com frequencia escalava montanhas para observar onde poderia rumar. Pro Norte de preferência. E, para isso, as estrelas eram suas fies menssageiras. A Estrela do Norte sempre havia de estar lá, e era assim que Escarlet salvaria sua mãe.
Depois de tanto caminhar, ela atravessou a linha que pertencia às fazendas escravocratas. Agora poderia ficar um pouco mais tranquila, pois já estava fora da fronteira de seus 'donos', mas, ainda havia de ter cautela já que os brancos do vilarejo podiam reconhecê-la como fugitiva.
Escarlet, entre seus vinte e cinco anos, já era bem experiente e sabia que, numa certa casa, morava um conhecido. Tocou à porta e, pela janela, veio um homem branco. Escarlet perguntou pelo rapaz e ouviu-se uma resposta seca:“Foi comprado”. Nesse momento já caía a noite e, junto a ela, também a chuva. Sem lugar onde ficar tentou se econder numa viela próximo ao depósito de lixo onde, ao menos, estaria abrigada da chuva e ninguém a descobriria. Sabia que o branco ranzinza a denunciaria às autoridades feudais, e que estava sendo procurada, mas precisava encontrar sua mãe. Era madrugada quando a chuva passou, ela continuou sua caminhada o que significava atravessar uma longa ponte a fim de chegar numa ilha com altos capinzais. Era esse seu lugar de destino. A ilha pertencia aos donos dos escravos e, ali, Escarlet tinha que tomar muito cuidado.
O dia raiou. Escarlet fez sua cama nos capins. Vigias já sabiam da presença de uma negra ali, de modo que à noite ela conseguiu capturar sua mãe:-Filha, existe um grupo de escravos que fugiram para a montanha no pé do capoeirão, e estão dentro de uma capela.
E pra lá rumaram, ao chegar na capela os escravos estavam muito maltratados. Havia um cesto com bebês gêmeos que choravam sem fôlego, de modo que necessitavam sair da capela urgentemente. Um homem já idoso que tinha posses de terra nos arredores e era amigo avisou-os -Existe uma carroça numa fazenda acerca do pé da serra, com um cavalo a lhe esperarem. Fujam!
Não era apenas uma carroça, mas uma carroça cheia de suprimentos alimentícios e caixas de primeiros socorros. Fugriam sem que o vilarejo nunca mais ouvissem deles falar. O único a quem Escarlet reencontrou foi o amigo que ajudou na fuga. Escarlet foi devolver a carroça mas o bondoso homem recusou. O presente foi bem-vindo.
A história segue que Escarlet conseguiu recapturar seus irmãos e que os bebês gêmeos fizeram-se moças saudáveis.
"O sucesso e o amor preferem o corajoso."- Ovídio (43 a.C.17 d.C.),poeta romano.

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