Ao
pular da cama percebi que estava atrasado. Troquei-me de um flash;
velozmente tomei um copo d'água; lavei meu rosto e pus-me a
correr. O dia estava lindo. Justamente naquela semana, o professor
nos aletou para não chegarmos atrasados, sob severas penas
segundo normas da escola. Passei pelo bosque; pelas águas dos
rios; vi as belas e verdejantes montanhas, além de bandos
pelos céus felizes a assobiarem. Juro que pensei em matar
aula; deleitar-me à companhia da convidativa da cachoeira e
pestanejar à sombra do coqueiral. Risisti à tentação,
pois.
Avistei a
janela de minha sala de aula, e qual não foi minha surpresa
quando percebi que a turma estava sentada um atrás do outro a
olhar para a frente sem que ninguém jogava aviãozinho
de papel, ou conversava? Naquele dia lembrei-me que tinha chamada
oral a fim de conjugarmos verbos no partícipio. Professor
Gilson, um senhor alto, cabelos grisalhos e calvo nos dava medo –
ele era muito severo e exigente. Eu que não sabia nem os
verbos no infinitivo ainda teria uma prova oral de particípios?
Talvez a classe etivesse quieta por isso.
Entrei na
sala, olhei para ele, e Professor Gilson me fitou de volta “Tô
frito” pensei. “Pedrinho, vá sentar” – falou-me doce,
surpreendentemente. “Já íamos começar sem
você.” Na linha de frente havia coordenadores de outros
cursos, o gerente pedagógico, o diretor e o dono da escola.
Até mesmo aqueles alunos que consideram estudar a última
coisa que fariam na vida estavam presentes lá no fundo da
sala. Havia esquecido-me de alguma informação
importante, mas qual? A resposta veio de imediato. Gilsão
subiu na cadeira e, na frente de todos, começou seu discursso:
“Prezados alunos, essa é a última vez que lhes darei
aula.”
Como assim?
Aquele professor chato, que sempre nos pressionava a conjugar verbos
nunca antes vistos e, que se errássemos o mais populares dos
verbos, nos dava leves reguadas, ia sair? Se na hora da conjugação
eu confudisse Pretérito-Perfeito com
Pretérito-Mais-Que-Perfeito, ele griatava: BOMBA!! não
só pra mim, mas pra todos que errassem – ele era justo e
honesto. Seu Gilson sempre vinha com alguma novidade, nunca sabíamos
quando aplicava prova, já que era sempre testes surpresas. Ele
tinha uma cara que dava medo, mas naquele momento de sua saída
me de um vazio...nunca havia parado pra pensar que talvez eu gostasse
tanto dele assim. Por quê será? A classe bagunçava
bastante em suas aulas, é verdade; a turma não motivava
muito a prestar atenção - a não ser quando ele
vinha com aquelas ameças que ia tirar o aluno da classe,
chamar o pai a mãe expulsar da escola, etc, etc.
Com
sentimento em seu coração, falou para toda a classe,
mais precisamente aos alunos-não-muito-bons: “Não vos
repreenderei. Vocês já devem estar bastante castigados
com tantas BOMBAS!! Como pretendem falar a língua-mãe
se nem ao menos sabem conjugar verbos ou formalizar um ditado? Não
vos culpo, portanto. Todos nós temos reprovações
e, talvez, eu o professor, não tenha ensinado adequadamente.
Não existe escola ruim, e se lhes deixo aqui sem que vocês
saibam sujeito ou predicado, desculpe mas devo ter errado em algum
momento de meu ofício. Por melhor que seja um professor, é
muito difícil dar atenção para quarenta alunos
de uma vez, por isso que eu fazia provas surpesas e provas orais de
conjugação, justamente para aproveitar 100% da classe,
pois confio em vossa capacidade de aprendizado. Todos aqui são
inteligentes, a diferença é que uns têm mais
força de vontade a que outros. Então, quando estiverem
no mercado de trabalho, vão olhar para trás e falar que
aquele professor de Português era bom, por favor não
pensem assim – obrigado pelo adjetivo que me caracteriza como “bom”
- mas eu quero que vocês apenas me tenha como um amigo que lhes
fez companhia durante vossa vida acadêmica. E lembrem-se: vocês
vão precisar de garra, perseverança e atitiudes nobres
a fim de atingirem seus objetvos, sobretudo de otimismo –
cerquem-se de incentivos que lhes impulsionem mirar alto; sempre
tenham confiança na força de espírtio de vocês.
Sempre estive disposto a aprender e é por isso que agradeço
vocês, meus etrnos alunos. E, do fundo de meu coração,
sem exceção, termino esse discurso a lhes desejar para
toda a vida: Sucesso!!.
Pensei:
“Mister Gilson, você vai deixar saudade!”
“O
sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas
inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair.”
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