11 de out. de 2012

Da semente à árvore





É difícil educar três filhos, imagina oito! Principalmente quando os pais é um pedreiro e uma diarista. Dificilmente o dinheiro dá para as fraldas, por exemplo. Os 'quase' dois salários mínimos são gastos em comida – contas, nem pensar!
Se um desses oito filhos foge de casa aos 16 anos, com certeza é porque no lar onde esse adolescente mora algo anda errado. Motivos à parte é que nenhuma família que ganha tão pouco consegue manter uma relação repleta de satisfações – às vezes nem com dinheiro a situação mantém-se controlável!
Dos mais recônditos e inóspitos lugares escondidos no interior de Minas Gerais o garoto fujão resolve dar em Brasília, talvez porque como é a capital do país ele achara que estivesse mais seguro, pois. Com uma mão na frente e outra atrás, e diga-se de passagem com os devidos documentos portados, o rapaz encontra um emprego em que não há necessidade de muita experiência – soma-se a isso o fato de ser negro, o que reduz, infelizmente, as possibilidades de melhores colocações no mercado de trabalho, de modo que tão logo encontra um de ajudante de auxiliar de operador de fotocopiadora na redação de um jornal de bairro. Para muitas pessoas orgulhosas isso jamais seria cabível, mas para nosso amigo da historia em questão, ele considerou esse ofício tão valioso quanto um sorvete no deserto. Determinado a agarrar essa oportunidade como quem segura uma nota de cem, mergulhou de cabeça na filosofia da empresa e aprendeu ali a ser o melhor e colocar amor em tudo o que faz e faria dali em diante. E então foi atrás daquilo que nunca teve – e por isso mesmo dava valor: Estudos.
O jornal onde ele trabalhava publicava muitas informações sobre política, já que Brasília era o berço dessa vertente, ou seja, logo que nosso adolescente negro soube de uma vaga em um dos ministérios, não deixou a oportunidade escapar. O office-boy percebeu que deveria prestar concursos caso quisesse algo melhor, e como amava estudar, pegou pra valer nos livros, folheou apostilas, preencheu inúmeros cadernos com contas, gastou muita tinta nas redações e textos, e não economizou grafite a fim de decorar as mais espinhosas fórmulas. Não deu outra. Foi aprovado para Procuradoria da República aos 20 anos.
Demorou um pouco para ser chamado é verdade, mas quando começou amou o emprego. Ficou um bom tempo nisso e licenciou-se do cargo. Talvez ele já tinha estudado tanto aqui no Brasil que precisou aprender outra língua. Foi dar na França onde obteve o doutorado em Direito Público. De volta ao Brasil agora é um docente da Federal no Rio de Janeiro. Nessa época de professor lecionou nos Estados Unidos nas Universidades da Califórnia e Columbia. Por curiosidade em aprender alemão foi fazer um curso de línguas na Áustria, onde acabou pegando gosto pelo violino. Nas aulas de música havia um influente aluno que o convidou para lecionar em Madrid.
Quando retornou ao país foi convidado pelo Presidente de República em questão a ser ministro do Supremo Tribunal Federal, onde alguns anos depois foi nomeado vice-presidente desta que é a mais alta instância do Poder Judiciário no Brasil.
Não demorou muito para se tornar Presidente do STF – o quarto na linha de sucessão das autoridades máximas do Poder Executivo.


uma coisa é certa: todos vão cair. O seu diferencial é saber extrair da queda o teu sucesso.- autor desconhecido.”

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