Era uma vez
um pai que brigava muito com o filho - Kim era seu nome. A bem da
verdade quando o pai briga com os filhos, oitenta por cento (ou quase
isso), não é culpa do pai. Principalmente na fase de
adolescência é quando o ser-humano mais quer ter razão.
Eu vejo isso pelos meus alunos. O cérebro está em plena
transformação, algumas opiniões encharcam a
cabeça das menina e meninos e é nessa fase que a
descoberta do amor começa a engatinhar paixões – a
adrenalina emocional desperta, ou seja, são muitas coisas de
uma vez só para uma mente não-madura ainda. A maioria
nem se interessa pelos estudos! O celular é bem mais
importante que um livro, a internet chama mais atenção
do que um caderno, e aquele(a) garoto(a) bonita(a) da escola tem mais
razão que o pai e a mãe juntos.
Era essa
mesma razão que fazia com que a raiva gerasse a raiva dentro
daquela casa. A guerra era inevitável. O filho Kim só
chegava tarde em casa, comia fora de hora, não falava com o
pai e com a mãe tampouco. Fumava e, por vezes, passava mais de
um dia fora de casa. Infeliz situação para qualquer
adolescente. De um lado, estava o pai a impor o melhor para Kim; do
outro, o filho a executar ações pelas quais julgava
corretas.
Adolescentes
adoram sair, beber, dançar: anarquia é o melhor estilo
de vida para defini-los, de modo que certa feita quando voltava de
uma festa tarde da noite, o colega de Kim bateu o carro. Havia quatro
pessoa no veículo. Todas saíram prejudicadas. Kim, em
questão, perdeu o movimento das pernas. Quando recebeu alta do
hospital, deixou a instituição numa cadeira de rodas.
Seu pai não aguentava ver tamanho sofrimento.
Conversaram
muito, se perdoaram, e, depois de algum tempo o pai resolveu tomar
uma decisão que mudaria para sempre a vida daquela família.
Seria difícil para Kim, mas a proposta era abandonar a cadeira
de rodas aos pouco e, seu pai, estava disposto a incentivá-lo.
Numa tarde de domingo, foi até o quarto do filho, estendeu-lhe
as mãos e, então, o pai puxou o filho a fim de que se
permanece de pé. Kim não tinha força nas pernas,
não as movimentava. Os braços de Kim foram apoiados
sobre os ombros do pai. Um estava de frente para o outro. Ao mesmo
tempo em que o pai segurava os braços do filho ele deu meia
volta a fim de se manter de costas para o filho. Kim estava de pé,
e o pai deu um passo à frente – puxando-o pelos braços.
As pernas de Kim não moviam-se, de modo que foram arrastadas.
O pai deu outro passo, e mais outro e vários passos até
que Kim pudesse debutar os primeiros movimentos com os pés. O
pai de Kim o puxava durante quilômetros, a fim se fazer o filho
andar, fosse num parque, fosse à padaria, estação
de trem, escola, ou mercado, o pai estava lá – ensinando o
filho a andar novamente. Os médicos previam um ano no mínimo
até que Kim conseguisse recuperar-se completamente, porém,
com a ajuda do pai, o esforço e a força de vontade de
ambos, bem como a harmonia que sintonizava a relação
pai-filho, foi possível estar totalmente curado em dois meses.
Hoje, a paz
reina dentro daquela casa. Pai, mãe e filho almoçam
juntos, saem juntos, vivem perfeitamente bem, e às vezes, um
convite para sair com os amigos é até recusado. Apenas
para passar algumas horas com alguém que valha a pena. O Pai a
quem um dia jurou amá-lo para sempre.
“você
sabe que conseguiu conquistar seus objetivos quando o invisível
se torna visível.” - autor desconhecido.
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