14 de dez. de 2012

Irmãos




Definitivamente, entre todos os meus conhecidos e amigos, não há ninguém que tenha três filhos, no máximo dois, ainda que seja raro encontrar. Tenho a impressão que se a humanidade continuar com a opção de não colocar seres-humanos no mundo, haverá um ônus populacional no planeta – o que é excelente! Evita apertos, o trânsito flui, a fila no banco diminui, o zoológico não fica cheio e as matrículas nas escolas caem. Alguns conservadores dizem: - Tá vendo, não pensou antes de fazer filhos, agora aguenta. A maioria elogia: -Parabéns! Nossa que lindos... Os mais transparentes tentam amenizar: -Puxa que coragem, hein?  Porém, os mais honestos não economizam palavras: -Bem feito, tá lascado, se danô... é fato que concordo com todas as afirmações acima.  
Como minha esposa e eu não fazemos a opção por manter a casa bagunçada, então, incentivamos as crianças a organizá-la, visto que, às vezes, para andar na sala há necessidade de desviar das dezenas de brinquedos esparramados. Há uma moça que nos ajuda a cozinhar, passar, lavar...ela até dá banho nos três. Já sabem escovar os dentes sozinhos, mas o problema é que colocam muita pasta – questão de tempo para a economia. Dia desses comprei um porquinho de gesso, e toda vez que lhes dou algumas moedas, o cofre enche, aos poucos.
Às vezes não dá para vencê-los, chega uma hora da fase das crianças que eu estou tão acostumado com mínimas preocupações, que se eu presenciar um dos meus filhos comendo terra, a única coisa que vou fazer é falar pra ele limpar a boca e tomar água – ou seja, não há necessidade de estresse: dos males, esse é o menor, sobretudo porque as crianças oferecem aos pais cem por cento de preocupação e, se acatarmos todos os mimos, não poderemos trabalhar, comer, dormir, ...viver!
Até minha esposa que é a rainha dos mimos e não consegue dormir sem um deles na cama, já desencanou de algumas coisas. Quando eles tinham dois anos, por exemplo, eu escutava dela: “Caramba, não consigo nem ir ao banheiro... essas crianças não deixam”.  Atualmente com cinco anos, eles continuam a dar trabalho. O que mudou? Nós, os pais. Permitimos mais, porém. E isso é positivo, pois agora dá para ir ao banheiro, entre outras coisas simples do cotidiano. 
Os três se educam ao mesmo tempo, eles brincam, pulam, gritam, almoçam junto, vão pra escola juntos, se abraçam e brigam juntos. Colher de pau vira espada, panela vira escudo: Irmãos.

"A vida é a espera da morte. Faça da vida um bom passaporte." - Vinícius de Moraes

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