6 de jun. de 2013

A cara do Brasil



Segue abaixo comentário de um aluno que nasceu na França e rodou boa parte do mundo. Atualmente, George está no Brasil.
-Aqui no Brasil, tem três vocábulos para a mesma palavras: mandioca, aipim e macaxeira. Lá  na França nem existe mandioca. -Aqui no Brasil, não se pode tocar a comida com as mãos. Nos fast-foods, hambúrgueres se come dentro de um guardanapo. Toda mesa de bar, restaurante ou lanchonete tem guardanapos e palitos. Até no açougue a carne é embalada, tudo higiênico. -Aqui no Brasil, os casais, dentro dos restaurantes sentam um do lado do outro como se estivessem no banco traseiro de um carro!
-Aqui no Brasil, não tem o conceito de refeição com entrada, prato principal, queijo, e sobremesa separados. Em geral se faz um prato com tudo: verdura, carne, queijo, arroz e feijão. Aqui no Brasil, todo mundo gosta de pipoca e de cachorro quente, não entendo! Aqui no Brasil pode-se pedir a metade da pizza de um sabor e a metade de outro, ideia simples e genial! Há muita comida aqui: desperdiça-se demais. -Aqui no Brasil, se produz o melhor café do mundo e em grandes quantidades. Uma pena que, em geral, se prepare muito mal e cheio de açúcar. 
-Aqui no Brasil, não falta espaço. Falam que o país tem dimensões continentais. E é verdade, daria para caber a humanidade inteira no Brasil. Mas então se tiver tanto espaço, por que é que as garagens dos prédios são tão estreitas? E por que não tem ciclovias? E por que nas calçadas os pedestres não conseguem passar direito? -Poucos são os brasileiros que conhecem artistas argentinos ou colombianos. O Brasil, às vezes, parece uma ilha gigante na América latina, embora tenha uma fronteira com quase todos os outros países do continente. Praias bonitas não faltam, mas eles insistem em ir para Europa e conhecem mais lugares do que eu. Não poupam: Gastam suas moedas com viagens! Sequer conhecem a Amériaca do Sul. -Aqui no Brasil, os chineses são japoneses.
-Aqui no Brasil, parece que a profissão onde as pessoas são mais felizes é coletor de lixo. Eles estão sempre empolgados, correndo atrás do caminhão como se fosse um trio elétrico do carnaval. Eles também são atletas: têm energia para correr, jogar as sacolas, gritar, e ainda falar com as mulheres passando na rua. -Aqui no Brasil, no táxi nunca se paga o que está escrito.
 -Aqui, a vida anda devagar. É normal estar preso no trânsito o dia todo e ficar 10 minutos na fila do supermercado, nem que tenha apenas uma pessoa na sua frente. Demora para passar a compra e, muitas vezes, a pessoa do caixa tem que digitar os códigos de barra na mão. Às vezes ela pede ajuda para outro funcionário. Mas, na hora de retirar o cartão é rápido: “pode retirar, senhora!”. -Aqui no Brasil, não se assuste se for convidado para uma festa de aniversário de dois anos de uma criança. Vai ter mais adultos do que crianças, e mais cerveja do que suco de laranja. Também não se assuste se parece mais com a coroação de um imperador romano do que com o aniversário de dois anos. É ‘normal’. 
-Aqui no Brasil, sinais exterior de riqueza são muito comuns: carros importados, restaurantes caríssimos em bairros chiques, clubes seletivos cujas cotas atingem valores estratosféricas -Aqui tudo se organiza em fila: fila para pagar, fila para pedir, fila para entrar, fila para sair e fila para esperar a próxima fila. E duas pessoas já bastam para constituir uma fila. -Aqui no Brasil, o ano começa “depois do Carnaval”. 

"Aprendi que eu não vou contentar todo mundo. Apenas estar em paz comigo mesmo, já é o suficiente" - autor desconhecido (fonte: site de videos).

31 de mai. de 2013

Brasil visto por outros olhos


Tenho um aluno que nasceu na Holanda, mora na França, conhece boa parte da Europa, já viveu no Japão, e agora trabalha no Brasil. Segue abaixo algumas coisas interessantes sobre a nossa cultura vista por outros olhos.
-Aqui no Brasil, relacionamentos são codificados e cada etapa tem um rótulo: peguete, ficante, namorada, noiva, esposa, ex-mulher, rolo, galho. -Aqui no Brasil, tem um jeito estranho de falar coisas muito comuns. Por exemplo, quando encontrar uma pessoa, pode falar “bom dia”, mas também se fala “e aí?”. E aí o que? Parece uma frase abortada, que não há continuação. Às vezes eles respondem: “imagina”. Imagina o que? -Aqui no Brasil é comum conhecer alguém, bater um papo e falar: “a gente se vê, vamos combinar, tá?”, e nem trocar telefone. -Aqui no Brasil, a palavra “aparecer” em geral significa, “não aparecer”. Exemplo: “Vou aparecer mais tarde” significa na prática “não vou, não”. -Aqui no Brasil, marcar um encontro às 20h significa às 21h ou depois. Principalmente se tiver muitas pessoas envolvidas. Quando encontra-se com uma pessoa, se fala: “Beleza?” e a resposta pode ser “Jóia”. Traduzindo numa outra língua, parece que faz pouco sentido, ou parece um diálogo entre o Dalai-Lama e seu discípulo. Por exemplo, em inglês: “The beauty?" –"The joy!”. Como se fosse um duelo filosófico de conceitos abstratos.
-Aqui no Brasil, a torneira sempre pinga. -Aqui, os homens se abraçam muito. Mas não é só um abraço: se abraça, se toca os ombros, a barriga ou as costas. Mas nunca se beija. -Aqui no Brasil, o polegar erguido é sinal pra tudo: “Tá bom?”, “obrigado”, “desculpa”. -Aqui, quando você tem algo pra falar, é bom avisar que vai falar antes de falar. Assim, se ouve muito: “vou te falar uma coisa”, “deixa te falar uma coisa”, “é o seguinte...”, e até o meu preferido: “olha só pra você ver”. -Aqui no Brasil, as pessoas saem da casa dos pais quando casam. Assim, tem bastante pessoas de 30 anos ou mais morando com os pais porque ainda não casaram! -Aqui, os homens não sabem fazer nada das tarefas do dia a dia: não sabem faxinar, nem usar uma máquina de lavar. Não sabem cozinhar, nem a nível de sobrevivência: fazer arroz ou massa. Não podem concertar um botão de camisa. Nem pneu de carro trocam. Gasolina é alguém que põe por você no posto!
-Aqui no Brasil, se acha todo tipo de nomes, e muitos nomes americanos abrasileirados: Gilson, Rickson, Denilson, Maicon, etc. -Aqui, os homens se vestem mal, ou seja, não ligam. Parece que a beleza exterior não importa! Sapatos para correr se usa no dia a dia, sair de short, chinelo e camiseta é comum. Eles saem de roupas de esportes sem a intenção de praticar esporte. -Aqui no Brasil, a música faz parte da vida. Qualquer lugar tem música ao vivo. Muitos brasileiros sabem tocar violão um pouco. Existem músicos talentosos, mas eles nem tocam as próprias músicas. Bares estão cheios de bandas de cover. -Aqui no Brasil, quando um filme passa na televisão, não passa uma vez só. Se perder pode ficar tranquilo que vai passar mais umas dez outras vezes nos próximos dias. Assim já vi “Hitch, conselheiro amoroso” umas quatro vezes sem querer assistir nenhuma. E novela é mais importante do que cinema. Mas o cinema nacional aqui é bem legal!
-Aqui no Brasil, futebol é quase religião. Esporte aqui é: ou academia ou futebol. O clima é muito bom. Tem bastante sol, todas as condições estão reunidas para poder curtir atividades fora. Porém, aos domingos, se quiser encontrar uma alma viva no meio da tarde, tem que ir pro shopping. As ruas estão às moscas, mas os shopping estão lotados. Shopping é a coisa mais sem graça do Brasil.
-Aqui no Brasil, o povo é muito receptivo. É natural acolher alguém novo no seu grupo de amigos. Isso faz a maior diferencia do mundo. Obrigado brasileiros!

"Gaste um pouco mais de tempo sendo quem você é. E um pouco menos de tempo tentando impressionar os outros." autor desconhecido

16 de mai. de 2013

O menino que não queria fazer papel de árvore




O colégio onde Mário estudava mostraria para pais, alunos, funcionários e convidados a peça do ano. Era um trabalho teatral em comemoração ao ano letivo e Mário foi escalado para fazer o papel de árvore na história, em que consistia em se fantasiar de árvore e ficar plantado no fundo do palco do começo ao fim da peça - nada extraordinário ao seu ver.
Toda vez no almoço, quando a família estava sentada à mesa, o menino comentava a mesma coisa com seus pais:
-Mãe, a peça vai começar daqui um mês e nós já iniciamos os ensaios, mas eu nem quero ir. -Por que não, filho? -Por causa dessa árvore ridícula que eu tenho que fazer. O garoto até tinha razão, de modo que não havia motivo ensaiar para um papel de árvore - a bem da verdade é que Mário estava cabisbaixo.
No dia seguinte o menino queixou-se outra vez. Sempre falava da tal árvore, até que um dia o pai procurou resolver a questão. Entre uma garfada e outra ele pergunta: -Filho, como é o nome da peça? -Chama-se 'Não leve meu sol embora'. -Então você pode ter certeza que a árvore é muito importante pra essa peça. -Por que pai? -Porquê árvores se alimentam de luz solar. Após o pai explicar o papel da árvore na natureza, cuja importância é vital para o ser humano, o menino, entendeu, porém, o pai percebeu que o filho ainda precisava de um incentivo: -Vem cá filho, vou te mostrar uma coisa.
O pai guardava um carro antigo na garagem, mas era muito conservado. Até capa tinha a fim de não pegar poeira. Quando chegaram na garagem, o pai perguntou: -O que você vê aqui filho? -Um carro que você guarda na garagem, pai. O experiente moço retirou a capa, abriu o capô e disse: -E agora, o que vê? -Bom, eu vejo um montão de parafusos e peças que eu nem sei o que é. -Pois bem filho, esse montão de peças e parafusos são essenciais para o bom funcionamento do veículo. Tá vendo esse parafuso aqui? -Tô! -Então tome essa chave de fenda e tire ele. O menino fez a simples tarefa, ao que o pai pediu: -Agora ligue o carro. O menino fez a tarefa novamente, porém sem sucesso. -Ih pai... acho que seu carro tá velho, nem ligou. -É... eu percebei que não ligou! Filho, faz um favor, então: rosqueie esse parafuso de onde você tirou e depois tente ligar o carro de novo. O menino assim fez e o carro realmente funcionou.
O pai não precisou falar nada. Naquela mesma noite eles assistiram um jogo de futebol na TV, já que o time preferido de ambos fariam uma árdua partida. O goleiro tinha sido o melhor jogador do confronto e, ao término do duelo, o pai salientou: -Tá vendo filho, imagine se não tivesse goleiro... todos são importante numa equipe, principalmente sua árvore. Vá lá e encare-a como o melhor papel da peça; como a melhor profissão do mercado; como o componente principal de um carro. Seja o goleiro da sua apresentação, e faça o melhor que há dentro de você.
Convenhamos que papel de árvore, de fato, não requer tantos desafios, mas isso era o de menos para uma criança que se sentia motivada, feliz e preparada. E o que importa, não é a quantidade de aplausos exteriores; e sim a sensação de paz interior pelo dever cumprido.

"Nossas dádivas são traidoras, e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar" - autor desconhecido.

10 de mai. de 2013

Mãe só tem uma




Ter filhos não é fácil. Mães sabem disso melhor que pais. Para o gênero masculino a rotina não muda tanto quanto a da mãe, já que, por vezes ela deve abdicar do trabalho, entre outras coisas. À medida que as fases das crianças vão passando, percebemos vantagens e desvantagens. Os pequenos acordam de madrugada e não deixam você dormir, e ainda confundem panela com disco voador. 
Não há maneira errada de se cuidar de filhos. Cada mãe sabe onde o calo aperta. A mãe moderna é mais permissiva, sai junto com a filha e até aconselha que namorado ter. Só ela sabe o que é melhor. Se a mãe é uma pessoa que tem uma vida agitada, sai de manhã para trabalhar, leva os filhos na escola, no final do dia vai ao supermercado, e ainda leva o filho para a festa do amiguinho, então significa que esses filhos vão crescer com cabeça-aberta e, que nesse mundo, existe muito mais coisa a ser vista do que nossa vã ideia possa imaginar. Agora, se a mãe e uma dona de casa, não consegue deixar seu lar nem por decreto, então, uma filha, por exemplo, não terá referência do que é sair, e não saberá que o mundo pode ser grande. As duas situações são válidas. As duas situações demandam aprendizado.
O sentimento de mãe é onipresente, mesmo  sem filhos, já que a mulher é capaz de tratar bem os amigos, familiares, e até bichinhos de estimação - é a famosa mãe de todos. Esse é um sentimento de doação, carinho e proteção. Existem também as mães teimosas que, pelo excesso de proteção não vai deixar nada acontecer com o filho. Aí é que está: tem que acontecer algo para aprender com a vida! Ainda que exista muito amor em todas essas manias de mães, elas são tão cautelosas quanto conselheiras.
Ser mãe é insubstituível e, porque mãe só tem uma!

"Você sempre será uma criança enquanto tiver uma mãe a quem recorrer" - Sara Ornet Jewet (1849 - 1909), romancista americana.

26 de abr. de 2013

O sorvete de bola




Se existe algo unânime entre todos os seres humanos, o hábito de viajar pontua os primeiros lugares na lista das paixões. Independentemente de sexo, idade, religião, poder aquisitivo, sempre haverá um lugar para passear, comprar, descansar, e se entreter ao modo que lhe convém.
Filhos, esposa e eu fomos a um parque aquático, e era uma coisa que eu nunca antes vira: uma lagoa coberta com marolas. Havia crianças a brincar; idosos que se banhavam; pessoas que se divertiam. Era uma verdadeira represa, daquelas de fazer inveja no monstro do Lago Ness -  tinha tanta água que havia inúmeros tampões a fim de bloquear a passagem da mesma para que não escorresse cidade afora, já que o parque ficava nas proximidades urbanas da região, bem como um açude. Diziam que ali havia quase um milhão de metrso cúbicos de água – muita coisa! Entorno havia orlas para passear, bancos para sentar, restaurantes, bares, sorveterias, enfim, um centro de consumo diverso: um ponto turístico ímpar.
As ondas vinham de pouco em pouco, mas começaram a crescer. Eu estava num banco sentado, de modo que meus três filhos compreendiam o ângulo de minha visão. Minha esposa tinha ido buscar um sorvete de bola.
Sem saber de onde, nem como, eis que, repentinamente, surge uma grande onda. Ninguém ali naquele lugar tinha tempo pra nada e, quando dei por conta, a coisa estava sobre minha cabeça, segurei firme no banco e existem momentos na vida em que a gente tem cem por cento de certeza das coisas, e ali me convenci que nenhum cristão sobreviveria. Fazer o que? Sempre digo que se algo tiver que acontecer, que seja comigo; se tiverem que sequestrar meus filhos, me levem. Se tiver que me atirar na frente de uma bala para salvar a vida deles, não tem problema. Coloco a família em primeiro plano e estou sempre um passo à frente, a fim de protegê-los. Mas ali não tinha jeito. A tsunami arrastou tudo!
Quando eu estava debaixo d`água e não tinha mais fôlego, a corrente me puxou ainda mais para baixo, porém, me levou a uma vala que parecia um bolsão de ar. Fiquei preso ali, e pensava na família. O maremoto só acabou porque os tampões foram arrebentados pela força da água: inundou a cidade e, no lugar da gigante piscina, ficou um imenso vale seco – a água escoou toda. Havia muitas pessoas ao chão. Desesperei-me em busca da família. Perguntava a todos se haviam visto crianças, mas estavam aterrorizados. Alguém me disse com infeliz realidade que a chance de terem sobrevivido era impossível.
Horas depois, o resgate apareceu e, em minha direção, uma moça trazia uma maca de dois andares, tal como um beliche. Na parte de baixo, meu filho Lorenzo. Na parte de cima, meu outro filho Pedro Henrique - os dois intactos como pedra. Minutos após, Lorenzo começou a se mexer, peguei-o no colo, mas o Pedro nem sinal e tentei reanimá-lo, de modo que demorou a abrir os olhos, porém, quando o fez, transbordou em felicidade ao me ver: minha emoção aflorou.
Faltava minha outra filha e minha mulher, eu já estava desesperado e assustado, não sabia o que fazer e fiquei no local sem me mover, foi quando apareceu minha esposa de mãos dadas com a menininha. Ambas, felizes, vinham em minha direção e, Lara, com uma das mãos segurava um sorvete de bola.

“Não se prende a natureza, pois quando se libertar revoltará em fúria”. – autor desconhecido.

19 de abr. de 2013

meninos do morro



João trabalhava numa indústria que fabricava peças de carro. Um belo dia foi visitar uma outra empresa, próximo à favela.
Quando o motorista deixou a rodovia a fim de entrar no bairro, alguns metros depois havia um sujeito que se impôs à frente do veículo e, com a palma da mão direita estendida, fez sinal de parada. O carro parou e o homem se aproximou com uma das mãos na cintura, trajava uma jaqueta preta em pleno mormaço quente -quem são vocês? O motorista já a perceber a situação, olhou para João e disse: -espera um pouco aqui que eu já volto. O motorista desceu do carro e, acompanhado do rapaz, andaram alguns metros, de modo que começaram a conversar. João observava tudo de dentro do carro e, curiosamente, quis saber o que os dois conversavam. Minutos depois o motorista retornou: -a barra 'tá' limpa, já podemos prosseguir. João olhou assustado para o motorista enquanto o rapaz do lado de fora fazia sinal para avançar.
Até chegar a empresa, o carro precisaria percorrer mais uns cinquenta metros. O empreendimento era absurdamente fantástico, e grande. Antes mesmo de abrir o portão da companhia, um senhor uniformizado de boina branca veio atendê-los. Após as devidas apresentações, os portões foram abertos e, dentro do parque industrial, enquanto dirigiam para a porta de entrada, admiravam a beleza do local. A fachada era composta de cubos de cimento acinzentados; havia um vão livre enorme, cujas pilastras nos extremos sustentavam o prédio de cinco andares de altura e vinte e cinco metros de comprimento. No centro da fachada existiam janelas que eram cobertas por películas azuis transparente que refletia o belo jardim à frente de chafarizes que funcionavam com água reutilizável.
João não conseguiu entender porque uma empresa tão bonita ficava à base de um morro, ao lado de uma favela. O trabalho de João era fazer auditoria na empresa, portanto deveria ficar por lá o dia todo. Na hora do almoço tiveram que sair e, dessa vez, o gerente de produção da companhia estava a bordo do carro, juntamente com João e o motorista. O senhor uniformizado de boina branca abriu os portões para que saíssem. Mais adiante o carro foi parado novamente, no mesmo lugar de antes - dessa vez por um rapaz diferente. O gerente de produção desceu do carro e foi conversar com o moço, tão logo foram liberados. João ficou sem entender, mas não perguntou nada. Quando retornaram do almoço,  o mesmo procedimento foi feito, ou seja, João percebera que toda vez que entrava um carro desconhecido ali, era preciso algum tipo de negociação com alguém a fim de liberar passagem para continuar.
Antes de João se despedir do gerente de produção, questionou: -Só uma coisa Francisco, por quê você desceu do carro e foi falar com aquele rapaz na hora em que fomos almoçar? -Porque eu precisava dizer que nós retornaríamos... e também disse a ele que vocês faziam parte de uma força profissional, cujo expediente acabaria às 17h. -Mas por quê você tem que dar satisfação a ele? -por que ele é funcionário do "morro", e a passagem de estranhos só é permitida se eles deixarem, entendeu?
Na viagem de volta o motorista ainda acrescentou que a empresa só estava lá porque antes da invasão das pessoas que moram no morro , a companhia já exista há muito tempo, e é por isso que a empresa fica num território onde a facção impera. -Então quer dizer que estávamos cercados de bandido? concluiu João. -Não! quer dizer que o dono da empresa também é dono do morro! João, portanto compreendeu que as pessoas que invadiram aquele lugar tiveram que pedir permissão para a empresa a fim de se instalarem lá.

"não importa a quantidade de vezes que você vai apanhar. Importa o quanto você consegue resistir" - autor desconhecido.

12 de abr. de 2013

O quadro do Padre





Era uma vez um Padre que não gostava de ET´s. Um dia ele solicita a um pintor famoso que desenhasse uma obra.
-Qual tipo de quadro, Senhor?
 -Fica a seu critério, só não me faça nada surreal.
De modo que o artista não só gostava de acreditar em seres de outro mundo como sempre retratava em suas obras disco-voadores e afins. Era um dos melhores pintores da época, por isso foi contratado pela Santidade.
Estava lançado um tremendo desafio para o artista. Como fazer uma pintura sem colocar aquilo que via e acreditava? Teve a ideia, pois de desenhar OVNI´s na tela sem que as pessoas percebessem. Depois de pronto foi ter com o Padre.
-Vossa Santidade aqui está o que pedira. O padre adorou.
 -Muito bonito mesmo, obrigado.
A grande obra de 20 x 25 ficou estampada no hall de entrada do templo, passagem que levava pra dentro da igreja. A pintura consistia num homem de barbas brancas, ajoelhado ao chão a trajar um roupão azul claro, segurava um cajado e havia uma cumbuca de água ao lado. Ele olhava para o céu na esperança de rogar por algo. Atrás dele pessoas... muitas delas a assistir aquilo que pareia uma prece e, do céu, saíam faíscas que pousavam na frente do personagem como fogo que chamusca a energia dos céus.
No canto superior esquerdo, o detalhe de uma nuvem. Ao lado dela, uma outra nuvem que na verdade era um tipo de desígnio subliminar... sim um ovni estava lá... cheio de ET`s, mas ninguém via. Ou, somente poucas pessoas mais sensíveis conseguiam perceber a presença de alienígenas no céu cinzento.
Mensagens subliminares estão em qualquer propaganda artística vigente - mas só estão lá pra quem sabe e quer ver.

"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor." - Wolfgang Amadeus Mozart. (1756 -  1791, Áustria)