21 de dez. de 2012

Novo Alvorecer



Sobrevivemos! ontem, "21/12/2012" não é uma data que tem apenas os  números 1 e 2, tampouco foi escolhida aleatoriamente para o fim do mundo. Apenas foi o último dia do fim do calendário do Maia. O nosso é no dia 31, também este mês. Mas pode significar fim dos tempos se considerarmos a guerra na Síria, a crise na Europa, o massacre nos EUA, enchentes no Brasil, brigas entre China e Japão, além de queimadas, terremotos, furacões, tsunamis, vulcões - é... parece que o fim insiste em resistir.
Hippies e pessoas com inquietações espirituais compareceram ontem às ruínas das cidades maias para celebrar um novo ciclo do calendário, ignorando todos temores apocalípticos. esse tipo de cultura é uma troca de energia, de modo que a polícia chinesa prendeu, nesta semana, cerca de mil pessoas por espalharem boatos sobre a data, e autoridades da Argentina restringiram o acesso a uma montanha muito frequentada por buscadores de alienígenas, após rumores de que havia planos para um suicídio coletivo ali. No Texas, o magnata dos video-games Richard Garriott de Cayeux decidiu dar a maior festa da sua vida logo depois da meia-noite, por via das dúvidas.
Sabe aquele livro que você começou a ler três anos atrás e não terminou? Encerre-o! Sabe aquelas coisas que você sempre quis dizer para sua ex-namorada quando ela te de um pé na b... e você enterrou isso na garganta? Solte! E aquela grana que você está devendo e não pagou? Quite-a. Eu vou fazer minha parte, pois uma centena de coisas não 'fechei'. Ontem foi o último dia do calendário maia, algo que eles chama de 13º "bak'tun", ou seja,  é um longo período de cerca de 400 anos que abrange 5.125 anos. E hoje é o primeiro dia do 14º "bak'tun". Não precisa terminar as coisas que iniciamos, mas apenas recomeçá-las já é um bom incentivo para fecharmos a cabala. É muita coisa, eu sei, mas está aí um pretexto, ou um motivo para liquidarmos o inacabável. Crenças à parte, a bem da verdade é que depende do esforço de cada um, visto que somos responsáveis por nossas ações e, claro, cada coisa tem seu tempo. Sobrevivemos! mas não sabemos quanto esse tempo vai durar. O importante é ter a consciência limpa, independente de qualquer coisa que se considere um 'armagedom'.
A civilização maia atingiu seu auge entre os anos 250 e 900, quando dominava amplas áreas do atual sul do México, Guatemala, Belize e Honduras. Eles desenvolveram uma escrita hieroglífica, um avançado sistema astronômico e um calendário sofisticado. devemos muito a eles - e o que ocorreu nessa cultura foi celebrações em que a luz espiritual os levaram a outra dimensão, a meditação foi então retomada, danças foram feitas, tambores foram tocados, os templos se manisfestaram em forma de deuses e os corações do mundo todo foi dominado.
"Queremos ser a mudança que vemos no mundo" - Mahatma Ghandi, fundador da Índia - entre uma série de outras coisas -  (2/10/1869 - 30/01/1948).

14 de dez. de 2012

Irmãos




Definitivamente, entre todos os meus conhecidos e amigos, não há ninguém que tenha três filhos, no máximo dois, ainda que seja raro encontrar. Tenho a impressão que se a humanidade continuar com a opção de não colocar seres-humanos no mundo, haverá um ônus populacional no planeta – o que é excelente! Evita apertos, o trânsito flui, a fila no banco diminui, o zoológico não fica cheio e as matrículas nas escolas caem. Alguns conservadores dizem: - Tá vendo, não pensou antes de fazer filhos, agora aguenta. A maioria elogia: -Parabéns! Nossa que lindos... Os mais transparentes tentam amenizar: -Puxa que coragem, hein?  Porém, os mais honestos não economizam palavras: -Bem feito, tá lascado, se danô... é fato que concordo com todas as afirmações acima.  
Como minha esposa e eu não fazemos a opção por manter a casa bagunçada, então, incentivamos as crianças a organizá-la, visto que, às vezes, para andar na sala há necessidade de desviar das dezenas de brinquedos esparramados. Há uma moça que nos ajuda a cozinhar, passar, lavar...ela até dá banho nos três. Já sabem escovar os dentes sozinhos, mas o problema é que colocam muita pasta – questão de tempo para a economia. Dia desses comprei um porquinho de gesso, e toda vez que lhes dou algumas moedas, o cofre enche, aos poucos.
Às vezes não dá para vencê-los, chega uma hora da fase das crianças que eu estou tão acostumado com mínimas preocupações, que se eu presenciar um dos meus filhos comendo terra, a única coisa que vou fazer é falar pra ele limpar a boca e tomar água – ou seja, não há necessidade de estresse: dos males, esse é o menor, sobretudo porque as crianças oferecem aos pais cem por cento de preocupação e, se acatarmos todos os mimos, não poderemos trabalhar, comer, dormir, ...viver!
Até minha esposa que é a rainha dos mimos e não consegue dormir sem um deles na cama, já desencanou de algumas coisas. Quando eles tinham dois anos, por exemplo, eu escutava dela: “Caramba, não consigo nem ir ao banheiro... essas crianças não deixam”.  Atualmente com cinco anos, eles continuam a dar trabalho. O que mudou? Nós, os pais. Permitimos mais, porém. E isso é positivo, pois agora dá para ir ao banheiro, entre outras coisas simples do cotidiano. 
Os três se educam ao mesmo tempo, eles brincam, pulam, gritam, almoçam junto, vão pra escola juntos, se abraçam e brigam juntos. Colher de pau vira espada, panela vira escudo: Irmãos.

"A vida é a espera da morte. Faça da vida um bom passaporte." - Vinícius de Moraes

7 de dez. de 2012




Não leve meu sol embora.

Eu tenho o prazer de ter irmãos e tenho o prazer de ter filhos também, e nunca tive a experiência de perdê-los, mas estou certo de que isso não traria prazer algum.
O pai trabalhava, o filho mais novo estudava e a mãe cuidava da filha mais velha que nascera doente. Marcy tinha onze anos. Ela vinha lutando com seu revés desde o nascimento. Fez inúmeras cirurgias. Quando tinha alta tomava alta do hospital, retornava à casa, mas dali algum tempo estava no hospital novamente. Os médicos falavam que era vantagem o fato de a doença ter sido diagnosticada bem cedo: leucemia crônica.
Marcy sentia frequentes dores de cabeça, constante fadiga e sempre estava com o estômago inchado, além de hematomas pelo corpo. Havia outra vantagem em meio à esse mar de angústias. O irmão era dois anos mais novo, e pôde doar seu sangue. O irmão doou a medula e Kate pôde viver uma vida normal. Se uma pessoa tem a pele descascada com grande frequência, talvez é porque tenha problemas nos rins, e a pele de Marcy era prejudicada pela presença de ácido úrico, já que os rins filtram o sangue a fim de eliminar substâncias nocivas como o ácido úrico, por exemplo. Quando algum produto não interessa ao organismo, o rim entra em ação no papel de agente filtrador, e era por isso que Kate sempre estava com a alimentação regulada. Era magra, fraca fisicamente, mas com certeza fez a família olhar o mundo com outros olhos.
Kate tinha insuficiência renal, em que diálises eram constantes, de modo que necessitava de um transplante. O irmão entra cena, pois, de maneira que ele precisou de várias sessões de terapia a fim de acostumar-se à ideia de que dali em diante viveria com apenas um rim. De modo que convenceu-se de maneira madura para seus nove anos, já que tinha uma irmã que, até ali, não possuía rim bom. Justiça seja feita: um rim funcional pra cada um. E por Marcy, o irmão faria.
Para uma criança de onze anos que tem a saúde debilitada e substituiu internações por brincadeiras durante o pouco curso da vida; é estressante imaginar que viverá à mercê de médicos enquanto viver. E ela estava cansada disso tudo: médicos, hospital, remédios, sessões de toda sorte. Onze anos é uma eternidade pra quem vive lutando e não sabe até quando vai apanhar nessa briga. O irmão doou um rim. A tendência é rejeitar o órgão transplantado já que é um corpo estranho no organismo. Marcy tomou muitas drogas para diminuir as defesas imunológicas. Os médicos passaram para a família que a operação havia ocorrido muito bem e que, com os remédios, não haveria problema, mas o novo rim foi, de fato, rejeitado pelo organismo. Os médicos se perguntavam até que ponto Marcy queria realmente viver.
Pouco mais de dez dias do transplante ela estava deitada na maca do hospital. Era tarde da noite e a única presença ali era do seu irmão que conversava com ela e lhe falava palavras motivadoras. Existem forças superiores às do seres-humanos e, se assim fosse a vontade dessas forças, a família perderia Marcy. Ao lado da maca havia um monitor que funcionava por gráficos na cor verde, mas se esses gráficos não oscilassem, de modo a ficar e linha reta, significaria que Marcy perdeu. E o irmão sabia disso. O coração de Marcy parou, e seria questão de segundos para o cérebro não mais ter oxigênio. O irmão ficou muito triste. Havia um alarme tocando bem baixinho o que indicava que o coração havia parado.
Ele aproximou seus lábios no ouvido da irmã: “ você é meu sol, meu único brilho de sol, você me faz feliz quando o céu está claro, por favor não leve meus raios de sol embora”. Marcy abriu os olhos, a tempo dos médicos reanimá-la.


E quando todas aquelas coisas que tentamos fazer para obter sucesso não derem certo, ainda nos resta a esperança.” - autor desconhecido



30 de nov. de 2012


A sala dos carecas

Havia uma mãe que vivia a sofrer o problema da filha. Leslie, 13 anos. Câncer. O primeiro dia de aula coincidiu com a mesma época em que ela estava justamente com a cabeça raspada.
Mãe eu não vou pra escola assim.” Por que não?” Porque eu não quero que ninguém dê risada de minha aparência, e eu estou com vergonha.” A mãe, portanto, a partir dali teve mais um problema para se preocupar. Como convencer a filha de frequentar as aulas? Teve uma ideia e comprou uma peruca. Argumentos vão, argumentos vêem, a menina topou vestir os cabelos falsos e foi pra escola. No recesso havia uma porção de crianças a correr, brincar, jogar bola, e conversar. Porém, Leslie ficava num canto acompanhada de seu complexo, de modo que, eis que alguém sem querer esbarrou em sua peruca e a mesma caiu no chão. Ela abaixou para apanhá-la e quando levantou viu todo mundo rindo de sua cara. Leslie nem voltou pra sala de aula, foi direto para a diretoria onde ligou para mãe e contou tudo. A mãe ficou muito triste com tudo isso. A menina ficou sem ir à escola por um bom tempo.
Tão logo a mãe foi à farmácia, desesperadamente, em busca de um remédio para crescer cabelos. Quem a atendeu foi um funcionário que estava lá há pouco e não tinha muita experiência, mas tinha coração. A mãe pediu-lhe o remédio e contou-lhe a história da filha e todo sofrimento desse calvário. O farmacêutico teve uma ideia, pois. Ele escreveu um bilhete que dizia assim: “Olá, meu nome é Leslie, desculpe se vos pertubo, mas gostaria de ser tratada como eu sou, pois sou igual a vocês, apenas tenho câncer e devo continuar careca por um bom tempo. Sofro com preconceitos e, talvez, eu não tenha muito tempo de vida, mas assim como vocês, eu necessito continuar a viver com motivação - o que tem sido muito difícil sem apoio. Grato pela vossa atenção.”
O farmacêutico que escreveu esse pequeno apelo, fez inúmeras cópias e distribuiu pela cidade. Toda vizinhança recebeu. Na escola foi ter com a diretora, quem o permitiu a entrega do aviso a todos alunos, professores e colaboradores. Feito isso o farmacêutico quis saber da mãe onde eles moravam, pois o funcionário queria falar com Leslie. “Olha, não importa o quanto a vida vai te bater. Esteja certa de que todos nós vamos cair, mas o que importa mesmo é o quanto você aguenta apanhar. Levante sempre. Por isso mesmo, cabeça pra cima e vá à luta; sinta orgulho de você mesma, e lembre-se: não importa o quão frágil seja uma situação, sempre cabe dois lados, agora vá pra escola e escolha o lado da motivação.” entre palavras de esperança, renovação, força de vontade, a menina nunca antes sentiu-se tão cheia de si.
Leslie pegou a mochila, pôs a peruca e a mãe a levou de carro. Quando estacionou na rua, Leslie desceu, caminhou até portão, mas não entrou. Deu meia volta, reclinou-se sobre a janela, tirou a peruca e falou : “Mãe não preciso mais dessa peruca”. A mãe apenas consentiu com um olhar que dispensava comentários. Quando Leslie chegou à sala, encontrou-na com as portas, janela e cortinas fechadas. Bateu à porta ao que ouviu a voz do professor: Pode entrar!
Qual não foi sua surpresa ao presenciar que todos os alunos, inclusive o professor estavam como ela. E na lousa uma promessa: “não deixaremos nossos cabelos crescerem enquanto você estiver careca”.

Podemos esperar a vida inteira para encontrar a flor perfeita e rara. E mesmo assim não será um desperdício.” - do filme O último Samurai.




23 de nov. de 2012

Crônicas de um inseminação



Havia uma mulher, que, antes mesmo de conhecer seu marido havia retirado o útero, mas eles queriam um filho. O moço era tão compreensivo que tinha que lidar com o a síndrome do pânico de sua esposa e ainda era hipocondríaca. Ela vivia doente e não se desgrudava dos remédios. O marido gastava uma nota preta com as drogas, já que era rico. De repente, a vizinhança soube dos rumores de que ela havia tido gêmeos. A notícia corria tal qual um maratonista jamaicano, mas ninguém por ali sabia que ela não tinha útero. A fofoca que rodava no bairro era: “Sabia que aquela moça que não sai de casa, esposa daquele rapaz rico está com um filho?” Alguns desconfiavam que era um casal; outros falavam que os gêmeos não eram idênticos; alguns apostavam ainda que era só um - os vizinhos mal a conheciam.
A moça não era do tipo: Onde você vai? Por que chegou tarde hoje? O que estava fazendo na rua? - perguntas natural de toda a esposa que é casada com maridos que trabalham onze horas por dia. Ele até viajava muito para o exterior e voltava três ou quatro dias depois. Grana para ela não era problema e a síndrome do pânico estava quase curada, pois agora ela era uma pessoa feliz, tinha uma bela criança que sempre quis – e ainda com babá para ajudar.
E o que aconteceu com a gravidez da moça foi o seguinte: Ao planejarem um filho, o marido foi ter com Maria, uma mulher viúva, conhecida distante da família que morava em outra cidade, cujo único filho adulto era casado e morava em outro estado: “Olha, você quer ganhar um bom dinheiro, Maria?” “Quero, o que devo fazer?” “Minha mulher não tem útero e queremos um filho, no mínimo parecido comigo”. Maria pensou, pensou, e três dias depois liga pra ele: Aceito.

o tempo não é algo que pode voltar atrás, portanto plante seu jardim, invés de esperar que alguém lhe traga flores” – autor desconhecido.

14 de nov. de 2012

Simplão de tudo




Fomos em dois carros, eu não conhecia ninguém, a não ser o rapaz e a menina cuja dupla de cantores me convidou para tirar fotos do evento. Logo quando chegamos à festa, a atmosfera do local já tomou conta de meu espírito sereno. Pudera, era uma local no meio do mato, onde a paisagem natural dava lugar à selva de pedra – e o céu parecia enfeitado de confetes brilhantes. Eu que vivo no estresse da cidade cinza valorizo cada planta, cada folha, cada verde – até o cheiro da estrada de terra era ímpar aos meus sentidos. O local era um pequeno rancho onde também funciona um camping-bar. Ficava no meio do mato, em uma estrada de terra com difícil acesso que liga Paranapiacaba à Mogi das Cruzes. Era aniversário de um cantor que, bem ao estilo bicho-grilo convidou inúmeras pessoas que são adeptas da música. Tinha um pequeno palco montado e, a cada música cantada por diferentes pessoas, revezava-se a vez. Havia profissionais da música, aspirantes, amadores, inicinates enfim... o local era tão distante da civilização que tiveram de levar geradores de energia para funcionar tudo.
O primeiro rapaz quem eu vi e, diga-se de passagem, nem o conhecia, já foi falando comigo: 'Iaí, joia?' 'Beleza e você' 'melhor agora nesse lugar né?' 'é verdade, maior paz de espírito'... após nossa ligeira introdução, olhei para baixo e vi uns degraus feitos de pedras. Era por ali que eu caminharia. Levei o pedestal do microfone e o carron (caixa de percurssão). Logo à minha direita havia um palco com um homem e uma mulher a prepararem-se para tocar. Ela vestia uma saia rodada verde-pastel, blusa branca e lenço na cabeça que tampava seus louros cacheados. Ele tinha a barba por fazer, uma calça que parecia pijama e cabelo de anjo - no peito um colar que parecia a estrela de David. Essa moda ditava o estilo da galera que estava lá – o que não faltava eram cortes de cabelo à la bob marley. Andei alguns passos entre as gramíneas e deixei os acessórios dentro do bar. Eu não sei qual era a cor da parede, pois estava forrada de fotos – alguns até famosos. Numa estante ao alto da pia havia um boneco de um mago que segurava um incenso. No balcão do bar, uma pequena estátua de um buda feito em gesso. Os penduricalhos que saíam do teto eram incontáveis catalisadores de sonhos que variavam cor e tamanho. Ao lado do fogão exista uma mesa com bibelôs de toda a sorte: fadas, gnomos, anões, alienígenas e todas essas viagens que só existem em contos dos Irmãos Grimm.
Encostei o cotovelo no balcão e ordenei uma cerveja que veio em um copo plástico de quase meio litro. A dona do bar cedeu-me gratuitamente, mas se você tiver fome lá, tenha certeza que vai desembolsar uma boa grana pra comer um simples pão com presunto, já que a padaria mais próxima estava há uns bons vinte quilômetros dali. A dona do bar era uma senhora de cinquenta anos, baixinha e gordinha, super-simpática que falava mais grosso que eu. Tinha os cabelos curtos encaracolados e soltava mais fumaça do que trem não-elétrico. Na frente do balcão exisia uma roda de jovens que, com dois violões, não paravam de cantar – Raul Seixas e Zé Ramalho eram os mais tocados.
Uma hora da manhã e os os primeiros acordes ecoaram lá do palco improvisado. A essa altura formou-se um aglomerado que acompanhava em couro músicas do Legião Urbana. Depois desse 'cover' foi a vez de um rastafari cantar seu reggae. Houve rock, forró, MPB, pop, até uma sósia da Janis Joplin – com voz igualzinha. O bar não podia ter outro nome: Simplão e Tudo.

Às vezes não é suficiente ser perdoado. Você tem que se perdoar a sim mesmo.” autor desconhecido

9 de nov. de 2012

O primeiro a pisar no campo de batalha e o último a sair




Era uma vez um pai que brigava muito com o filho - Kim era seu nome. A bem da verdade quando o pai briga com os filhos, oitenta por cento (ou quase isso), não é culpa do pai. Principalmente na fase de adolescência é quando o ser-humano mais quer ter razão. Eu vejo isso pelos meus alunos. O cérebro está em plena transformação, algumas opiniões encharcam a cabeça das menina e meninos e é nessa fase que a descoberta do amor começa a engatinhar paixões – a adrenalina emocional desperta, ou seja, são muitas coisas de uma vez só para uma mente não-madura ainda. A maioria nem se interessa pelos estudos! O celular é bem mais importante que um livro, a internet chama mais atenção do que um caderno, e aquele(a) garoto(a) bonita(a) da escola tem mais razão que o pai e a mãe juntos.
Era essa mesma razão que fazia com que a raiva gerasse a raiva dentro daquela casa. A guerra era inevitável. O filho Kim só chegava tarde em casa, comia fora de hora, não falava com o pai e com a mãe tampouco. Fumava e, por vezes, passava mais de um dia fora de casa. Infeliz situação para qualquer adolescente. De um lado, estava o pai a impor o melhor para Kim; do outro, o filho a executar ações pelas quais julgava corretas.
Adolescentes adoram sair, beber, dançar: anarquia é o melhor estilo de vida para defini-los, de modo que certa feita quando voltava de uma festa tarde da noite, o colega de Kim bateu o carro. Havia quatro pessoa no veículo. Todas saíram prejudicadas. Kim, em questão, perdeu o movimento das pernas. Quando recebeu alta do hospital, deixou a instituição numa cadeira de rodas. Seu pai não aguentava ver tamanho sofrimento.
Conversaram muito, se perdoaram, e, depois de algum tempo o pai resolveu tomar uma decisão que mudaria para sempre a vida daquela família. Seria difícil para Kim, mas a proposta era abandonar a cadeira de rodas aos pouco e, seu pai, estava disposto a incentivá-lo. Numa tarde de domingo, foi até o quarto do filho, estendeu-lhe as mãos e, então, o pai puxou o filho a fim de que se permanece de pé. Kim não tinha força nas pernas, não as movimentava. Os braços de Kim foram apoiados sobre os ombros do pai. Um estava de frente para o outro. Ao mesmo tempo em que o pai segurava os braços do filho ele deu meia volta a fim de se manter de costas para o filho. Kim estava de pé, e o pai deu um passo à frente – puxando-o pelos braços. As pernas de Kim não moviam-se, de modo que foram arrastadas. O pai deu outro passo, e mais outro e vários passos até que Kim pudesse debutar os primeiros movimentos com os pés. O pai de Kim o puxava durante quilômetros, a fim se fazer o filho andar, fosse num parque, fosse à padaria, estação de trem, escola, ou mercado, o pai estava lá – ensinando o filho a andar novamente. Os médicos previam um ano no mínimo até que Kim conseguisse recuperar-se completamente, porém, com a ajuda do pai, o esforço e a força de vontade de ambos, bem como a harmonia que sintonizava a relação pai-filho, foi possível estar totalmente curado em dois meses.
Hoje, a paz reina dentro daquela casa. Pai, mãe e filho almoçam juntos, saem juntos, vivem perfeitamente bem, e às vezes, um convite para sair com os amigos é até recusado. Apenas para passar algumas horas com alguém que valha a pena. O Pai a quem um dia jurou amá-lo para sempre.

você sabe que conseguiu conquistar seus objetivos quando o invisível se torna visível.” - autor desconhecido.